domingo, julho 29, 2007

"Abbá..." - Quando o evangelho nos (in)quieta

São muitos aqueles que sabendo que sou Teu
procuram um conselho, uma palavra, um gesto,
um silêncio acolhedor e íntimo,
uma proximidade que não julga...
em todas essas horas bem sabes que chamo por Ti: "Abbá..."
pois não posso ligar se ando desligado,
não posso amar se não Te deixo amar-me,
e de novo ressoa o grito de eterna gratidão:
"Abbá...estou aqui...sou Teu...guia-me segundo a Tua vontade"
hoje queria falar-te de todos,
mas tu os conheces,
sabes quem são, o que sentem e como Te procuram...
alguns com passos incertos,
ritmados pelo medo de não ser capaz,
outros com tenacidade buscam-Te
na determinação de quem sabe que é o primeiro passo que marca o ritmo do caminho...
há outros queTe buscam sem saber que é o Teu rosto que desejam...
Trazendo-os todos no coração,
hoje venho a Ti, Abbá,
e mergulhado no Teu coração de Pai,
Trago-te a inquietude e o desejo
de quem procura sabendo que já te encontrou
e de quem ama sabendo que desde sempre é amado,
e como Abraão imploro a Tua misericórdia
não só sobre os justos mas também para os injustos,
os tristes, os solitários,
os que ninguém quer e ninguém vê...
pois sinto e sei que o Teu amor de Pai é eterno
e Tu, o Todo misericordioso,
és o Deus da Alegria porque amas na gratuidade, na fidelidade,
com o Teu jeito simples de seres Deus, Pai, Abbá...
(cf. Lc 11, 1-13)

domingo, julho 22, 2007

Marta?... (a propósito do Evangelho deste Domingo)

Marta, Diz-me porque corres?

porque andas inquieta, perturbada, triste, só?...há tanto que esperas para parar,deixando que o silêncio te habite...e no entanto foges,foges de todos, foges de ti...

Marta, Diz-me porque corres?

eu sei que tens medo que as estrelas não brilhem na noite,sei que sentes o frio gélido do vazio, do sem sentido,até sei que experimentas a angústia de muito correr e tão pouco alcançar...

Marta, Diz-me porque corres?

sei que de demanda em demanda foste procurando um trilho novo e eternoonde em cada passo te fosse possível semear a ternura;sei que beijaste cada flor com gratidãoe foste ao encontro da aurora como sentinela que vê na noite o prelúdio da luz...

Marta,não me digas porque corres,diz-me antes para Quem...

é que eu quero ir contigo,e no serenar dos meus passos mais do que procurar quero que Ele me encontree me diga, segredando,não corras mais,uma só coisa é necessária (cf. Lc 10, 38-42)

sexta-feira, julho 06, 2007

ao ver-te...

Ó Mar imenso,
solidão em que em perco
por entre o bramir das ondas...
tu és o refúgio do silêncio,
a porto de abrigo onde a noite e o dia se encontram
para num romance eterno me trazerem a novidade do infinito.
e eu, aqui, sentado na doce lembrança do que sou,
vejo-te, ó mar,
trazer do horizonte a arca das recordações
dum tempo que foi teu e que já me não pertence...
na imensidão que és
perco-me perdendo o pé...
e como náufrago que é acolhido nos braços do Transcendente
mergulho em ti, ó mar,
para daí ressurgir
como viandante que trilha o desconhecido
com a determinação da esperança.

(Figueira da Foz, 18h50)