domingo, outubro 31, 2010

Estranha multidão...a dos Santos!

Partilho contigo que por aqui passas, um pequeno texto que em tempos me chegou às mãos com a referência de ter sido lido numa paróquia de Lisboa na celebração própria deste dia de Todos-Santos.

Não conheço o autor, mas provoca-nos e ajuda-nos a rezar...

"Estranha multidão

a dos Santos.

Passam na estrada silenciosos

Levando as estrelas das bem-aventuranças

Gravadas

Na fronte.

São de todas as raças

de todas as cores

de todos os partidos

de todos os povos.

Usam grilhetes de escravos

Tiaras de Papa.

Calçam sapatos brilhantes

Pisam o chão descalços.

Morreram virgens

Foram casados.

Eram sábios famosos

Viveram ignorados.

Usaram saris indianos

Turbantes árabes.

Eram peles-vermelhas

Negros de África.

Sofreram todas as perseguições

Todas as guerras

Todas as fomes

Todas as revoluções.

Foram profetas

Mártires

Ascetas.

Mendigaram amor

E receberam em troca

Pedras por pão.


Foram vadios

Prostitutas

Ladrões.

Escreveram poemas

Compuseram música

Pilotaram aviões.

Têm as mãos calejadas

De todas as ferramentas inventadas

Desde os primeiros dias

Da Criação.

Cavaram a terra

Partiram pedras

Revolveram minas

Semearam o pão.

Foram pobres

Puros

Pacíficos.

Choraram

Desejaram a justiça

Usaram misericórdia.

Foram amaldiçoados

Perseguidos

Nesta terra que hoje

Pisamos…

Passam na estrada silenciosos

Comovidos

- misteriosa via-láctea de estrelas

Que na noite cerrada

Ilumina o caminho".