porque o amor cobre a multidão dos pecados.
É portanto verdade que eu sou enviado não só para amar Deus mas para fazer com que o amem.
Não me basta amar Deus se também o meu próximo não o ama. Devo amar o meu próximo como imagem de Deus e objecto do seu amor, e fazer de tudo para que, por sua vez, os homens amem o seu Criador que os reconhece e considera como seus irmãos e que os salvou; e procurar que, com a caridade recíproca, se amem por amor a Deus, o qual tanto os amou, ao ponto de, por eles, abandonar o seu próprio Filho à morte. Portanto, este é o meu dever.
Ora bem, se é verdade que somos chamados a levar, longe ou perto, o amor de Deus, se devemos incendiar as nações, se a nossa vocação é espalhar este fogo divino em todo o mundo, se assim é, e repito, se assim é, irmãos, quanto devo eu mesmo arder deste fogo divino!
Como daremos aos outros a caridade se ela não existe entre nós? Observemos se existe, não em geral, mas em cada um, se existe no devido grau, porque se não está acesa em nós, se não nos amamos uns aos outros como Jesus Cristo nos amou e se não praticamos acções semelhantes às suas, como poderemos esperar de difundir um tal amor em toda a terra? Não é possível dar aquilo que não se tem.

Filho de Deus e minha salvação,
Bem sabes como me é difícil às vezes
Amar sem preconceitos, sem medidas curtas...
É mais fácil, mais cómodo,
dizer apenas que determinada pessoa ou situação estão mal,
que tal acontecimento devia ter sido diferente...
contudo, ao contemplar-te como fonte de todo o amor,
pedes-me tão simplesmente que ame
com um coração terno e misericordioso,
com um coração universal, cristalino, puro...
é por isso que bato, uma vez mais, à porta do Teu coração.
Vem a mim, Senhor,
monta a Tua tenda no meu coração,
e permanece aí, com docilidade e paciência,
para que, mergulhado no Teu amor,
eu renasça com um coração novo, um coração de carne...