Não há solidão maior do que a de não se sentir amado! É que nenhum de
nós foi criado para a solidão, no sonho de Deus todos somos comunhão. Para a
noite tem o dia, para enxugar as lágrimas a esperança, para acariciar a dor a
ternura, para rasgar horizontes novos ao passado tem o futuro, basta estar
atento para percebermos no ‘milagre da vida’ a dança eterna desta comunhão com
o Deus-Amor.
É para romper a solidão, e nos abrir ao amor (e)terno, que o Evangelho
nos comunga nesta semana e nos faz entrar na intimidade mais intima do nosso
Deus. Chegou a hora! O Profeta de Nazaré que não se calou diante da injustiça,
que levantou do chão os que mendigavam perdão, que nos mostrou que a vida é caminho
de bem-aventurança, que nos fez ver Seu Reino já presente no meio de nós, que
nos revelou que a única palavra definitiva é somente aquele Amor que nos
permite degustar interiormente todas as coisas, senta-se agora para repartir fraternalmente
o pão da Sua existência e assim nos permitir ser comunhão, fazer comunhão.
Iniciámos uma Semana chamada de ‘Santa’, de ‘Semana Maior’ e na
Liturgia do Rito Ambrosiano (de Milão) ela é também chamada de ‘Semana Autêntica’.
O que somos chamados a viver não é um ‘filme’ ou mera ‘recordação’. Nós somos
parte desta história. Somos esta história de Salvação! História cheia de
recomeços e de futuro, uma história de Amor, Conversão, Reconciliação. Nesta
história não somos nem estrangeiros, nem hóspedes. Somos Filhos! Gerados pela
misericórdia, aos olhos humanos absurda, de um Deus que se enamorou da nossa
pequenez. Um Deus excesso de Amor que nos revela que não há omnipotência maior
do que aquela de dar a vida, de ser vida.
Aqui não há papéis principais nem secundários, não há ‘Óscar’ para
premiar carreiras, não há passadeiras vermelhas para desfilar opulência e
banalidades. Esta é uma história cheia de Vida, de afeto, de ternura, de
misericórdia. História de uma vida cheia de silêncio, de encontro, de lágrimas
que regam a nossa infertilidade e aridez para semear nela o que só a Eternidade
pode oferecer. E se hoje, aqui e agora, somos ‘vencedores’ é somente porque nos
deixámos seduzir e vencer pela força sempre atrativa e irradiante do amor-perdão
que Deus é, e que só Ele nos pode dar. Só o Amor-(e)terno pode sussurrar: “Hoje
estarás comigo no Paraíso!”. Só a Misericórdia pode rasgar portas de eternidade
onde o tempo teimar em ser só passado...
Desperta-nos o Evangelho para sermos peregrinos seguindo aquele que é o
Caminho; desperta-nos o Amor para seguirmos Aquele que é a vida; desperta-nos a
Misericórdia para seguirmos o único que é a Verdade. E, no fim, como peregrinos
que percorrem de pés descalços o caminho que nos leva do ‘santuário do
quotidiano’ ao coração de Deus, há-de ser nosso também o cântico de confiança
entoado pelo Mestre: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito”. BOA SEMANA!
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