De quantos encontros são feitos
os nossos dias? Na correria do quotidiano é normal cruzarmo-nos com muita
gente, vemos apressada e superficialmente rostos, acenamos com a cabeça ou com
as mãos para dar uma breve saudação, em alguns casos ainda conseguimos apertar a
mão do outro, mas é um ‘toque’ superficial, sem tempo, pois ‘temos de ir’ que o
relógio não para.
É urgente que os nossos caminhos
quotidianos se tornem ‘sacramento do encontro’, lugar onde nos vemos e nos
contemplamos, lugar onde degustamos a vida e a compartilhamos em profundidade,
lugar onde o outro se torna parte de mim, lugar onde a história sagrada do
outro se torna um apelo a ver, sentir e cheirar o bem, o bom e o belo da vida,
de cada vida, em cada história.
Se cada encontro (re)começar com
um olhar contemplativo e um coração escancarado (re)aprenderemos, com a força
sempre sedutora e vulnerável da ternura, que somos muito mais, e muito melhor,
do que imaginamos! (re)descobriremos o eterno em cada momento e o ‘tesouro escondido’
por dentro de cada gesto e palavra pronunciadas. É que afinal nenhum de nós é
um obra já acabada e o que falta ainda (re)construir não se encontra na espuma
dos dias, exige de nós ir mais fundo...exige discernimento ( = ler por dentro).
A Palavra que nos visita esta
semana desperta-nos para uma vida ‘Cristificada’ (Lc 9, 51-62). Com Ele, e como
Ele, somos Ungidos ( =Cristo, na língua
Grega; Messias, na língua Hebraica);
Com Ele, e como Ele, somos Peregrinos que atravessam o tempo fazendo de cada
lugar e encontro um Kairós ( = tempo
habitado pela Salvação); Com Ele, e como Ele, tocamos as feridas da existência
humana e sentimos o doce desassossego do Espírito que faz com que “tudo o que é
verdadeiramente humano encontre eco em nosso coração” (GS 1); Com Ele, e como Ele,
temos como mesa e altar o quotidiano e ali nos repartimos para sermos sabor e
presença do Reino que o Pai nos oferece, não como prémio mas como medida para
tudo o que somos, pensamos, dizemos e fazemos; Com Ele, e como Ele,
atravessamos a cidade dos homens com o Evangelho no coração e nos lábios para
oferecer a todos uma palavra de benção, reconciliação, cura e libertação.
Eu e tu somos uma missão nesta
terra, é para isso que estamos no mundo. É preciso considerarmo-nos como que
marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar,
curar, libertar. Nisto uma pessoa se revela enfermeira do no espírito,
professor no espírito, político no espírito..., ou seja, pessoas que decidiram,
no mais íntimo de si mesmas, estar com os outros e ser para os outros’ (EG 273).
Então, como fez Elias com Eliseu (Rs 19, 16b), ou como Cristo fez com Pedro e
Paulo, também Ele te diz hoje: “Vai...e Unge! Vai...e cura. Vai...e abraça.
Vai...e perdoa! A todos, para sempre, como Ele fez. Pois foi para essa
Liberdade que Cristo nos libertou. BOA SEMANA!
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