A alegria cristã é cheia de Páscoa. Atravessa as
cruzes da nossa existência com a eternidade, semeando em nós a certeza de que
nada, nem ninguém, nos pode separar do Amor (Pascal) de Cristo! Não será
estranho, portanto, que a nossa alegria, do coração e da vida, seja ‘Evangelho’
(= Boa e feliz notícia) para o mundo. É assim em cada tempo, e também neste
tempo de Advento, nesta semana em que a Alegria invade cada respiro e cada
palavra que nos é dada na Palavra.
Ai de nós se a alegria que nos foi dada como dom-para-todos
ficasse encerrada nas nossas ‘bafientas’ sacristias ou enclausurada nos nossos
apressados preconceitos e julgamentos pouco evangélicos. Quando a alegria não é
partilhada, é a Vida que é sufocada! É querer neutralizar o Evangelho que deixa
de ser Palavra de Vida e passa a ser ‘letra morta’. Mas a Boa Nova não se deixa
aprisionar pelas nossas medidas curtas nem pelas nossas fragilidades. Vai
sempre à frente a abrir caminhos de novidade e a consolidar o dinamismo do
Reino que se traduz na alegria dos ‘bem-aventurados…’ (Mt 5).
Neste caminho, feito de pés descalços, peregrinando
com delicadeza no território sagrado do nosso coração e da nossa vida, guia-nos
a certeza de que a alegria cristã não é ‘euforia’ nem ‘utopia’, mas a SERENIDADE
de um coração que sabe ler cada tempo como GRAÇA, viver cada situação com SABEDORIA
e assumir cada decisão com DISCERNIMENTO. Eis os pilares essenciais da alegria
cristã! Pilares que precisam de ser conjugados com os verbos proféticos e fundamentais:
“ANUNCIAR aos pobres, CURAR os corações atribulados, a PROCLAMAR a libertação
aos cativos e a liberdade aos prisioneiros, DIFUNDIR o ano da graça do Senhor”
(Isaías 61, 1-11).
Sim, para viver a Alegria do Evangelho é preciso ‘compaixonar-se’
e servir, escutar e acolher, denunciar e comprometer-se. A alegria do Evangelho
não é festa de uma noite, não se resume num só dia, nem nos afasta da realidade.
A alegria do Evangelho tem Rosto, tem Vida, tem nome e habita cada hora…porque
nos habita o coração para sempre! É um projeto que nos convoca, um apelo que
nos desassossega, um dinamismo que não podemos ignorar ou ‘descafeinar’.
Deixar-se abraçar pelo Evangelho é deixar-se transformar em Cireneu da Alegria,
sabendo que: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos
homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também
as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de
Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco
no seu coração” (GS 1).
Não há, portanto, alegria maior do que aquela de
saber ‘definir-se’ diante da vida! Mergulhados nesta alegria que nos conduz a
Belém para sermos ‘contempl-ativos’ da Vida, provocam-nos as interrogações
feitas a João Batista, no Evangelho deste Domingo, e que ficam como desafio
para nós esta semana: «Quem és tu?...Que dizes de ti mesmo?» (cf. Jo 1, 6-28)…e
com que alegria vives tudo isso?...BOA SEMANA!
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