domingo, julho 02, 2017

CANTAR...(E)TERNAMENTE!




De quanta gratidão são feitos os teus dias?...Andamos todos tão anestesiados na correria do ‘muito para fazer’, das metas a atingir, que facilmente os nossos olhos se habituam a planilhas, agendas e reuniões...e, aos poucos, vamo-nos tornando incapazes de redescobrir a ‘eternidade no instante’, o calor do afeto, a beleza daquele café compartilhado, um olhar mais demorado para perceber que Ele está no meio de nós e nos visita no que é ‘extraordinariamente cotidiano’ e ‘milagrosamente simples’... isto acontece não somente nos ambientes de trabalho mas também na vida eclesial.

O Evangelho, Palavra e Vida que nos desassossega e converte, recorda-nos que a fé é ao mesmo tempo renúncia e acolhimento. Renúncia de tudo aquilo que desfigura em nós a santidade batismal e acolhimento dos critérios de ‘bem-aventurança’ que fazem da nossa vida uma oferta de amor, de discipulado e de anúncio alegre do único Amor que salva. É assim que gestos simples, aparentemente banais e cotidianos, se tornam um milagre que torna presente ‘o Reino de Deus e a sua justiça’, é que o Amor não se explica...acolhe-se, vive-se, celebra-se...dá-se!

É assim também que, no seguimento de Jesus, a nossa cruz cotidiana se torna uma Páscoa sem fim, um Evangelho mais anunciado pelos gestos do que pelas palavras, mais eficaz com o testemunho do que com o alarde superficial de quem só avança ‘quando vê milagres’ ou de quem espera de Deus aquilo que Ele não é!
Recorda-nos Jesus, referindo-se aos discípulos que havia enviado, que «se alguém der de beber, nem que seja um copo de água fresca, a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, Não perderá a sua recompensa». É que na lógica do Evangelho a gratidão é irmã gêmea do acolhimento...e, quando se acolhe o dom de Deus, o amor tende a ser expansivo, oblativo, gratuito...(e)terno!

Não somos meros espectadores da história! Como nos recorda o Papa Francisco: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar. Nisto uma pessoa se revela enfermeira no espírito, professor no espírito, político no espírito..., ou seja, pessoas que decidiram, no mais íntimo de si mesmas, estar com os outros e ser para os outros” (EG 273). 

Acolher o Evangelho, deixar-se moldar e transformar por ele, assumir os critérios do Reino e testemunhar um Amor que ressuscita, eis a missão e a gratidão que temos para cantar!
Com a gratidão no coração e nos lábios, cantando eternamente as misericórdias do Senhor, continuamos o caminho e acolhermos o desafio: “Como o caminhante: canta e segue adiante (…) Avança no bem! (…) Progride no bem, progride na fé, sem desvios, progride na vida santa! Canta e caminha!” (Santo Agostinho, Sermão 256). Bom caminho, boa semana!
 

“Meu Senhor, Amo-te,
Meu Deus, peço-te perdão,
Meu Deus, creio em Ti,
Meu Deus, confio em Ti.
Ajuda-nos a amarmo-nos uns aos outros
como Tu nos amas” 
(Madre Teresa de Calcutá)