De
quanta gratidão são feitos os teus dias?...Andamos todos tão anestesiados na
correria do ‘muito para fazer’, das metas a atingir, que facilmente os nossos olhos
se habituam a planilhas, agendas e reuniões...e, aos poucos, vamo-nos tornando incapazes
de redescobrir a ‘eternidade no instante’, o calor do afeto, a beleza daquele
café compartilhado, um olhar mais demorado para perceber que Ele está no meio
de nós e nos visita no que é ‘extraordinariamente cotidiano’ e ‘milagrosamente
simples’... isto acontece não somente nos ambientes de trabalho mas também na
vida eclesial.
O
Evangelho, Palavra e Vida que nos
desassossega e converte, recorda-nos que a fé é ao mesmo tempo renúncia e
acolhimento. Renúncia de tudo aquilo que desfigura em nós a santidade batismal
e acolhimento dos critérios de ‘bem-aventurança’ que fazem da nossa vida uma
oferta de amor, de discipulado e de anúncio alegre do único Amor que salva. É assim que gestos simples, aparentemente
banais e cotidianos, se tornam um milagre que torna presente ‘o Reino de Deus e
a sua justiça’, é que o Amor não se
explica...acolhe-se, vive-se, celebra-se...dá-se!
É
assim também que, no seguimento de Jesus, a nossa cruz cotidiana se torna uma Páscoa sem fim, um Evangelho mais
anunciado pelos gestos do que pelas palavras, mais eficaz com o testemunho do
que com o alarde superficial de quem só avança ‘quando vê milagres’ ou de quem
espera de Deus aquilo que Ele não é!
Recorda-nos
Jesus, referindo-se aos discípulos que havia enviado, que «se alguém der de
beber, nem que seja um copo de água fresca, a um destes pequeninos, por ele ser
meu discípulo, Não perderá a sua recompensa». É que na lógica do Evangelho a gratidão
é irmã gêmea do acolhimento...e, quando se acolhe o dom de Deus, o amor tende a ser expansivo, oblativo, gratuito...(e)terno!
Não
somos meros espectadores da história! Como nos recorda o Papa Francisco: “Eu sou
uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso
considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar,
abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar. Nisto uma pessoa se revela
enfermeira no espírito, professor no espírito, político no espírito..., ou
seja, pessoas que decidiram, no mais íntimo de si mesmas, estar com os outros e
ser para os outros” (EG 273).
Acolher
o Evangelho, deixar-se moldar e transformar por ele, assumir os critérios do
Reino e testemunhar um Amor que ressuscita, eis a missão e a gratidão que temos
para cantar!
Com
a gratidão no coração e nos lábios, cantando eternamente as misericórdias do
Senhor, continuamos o caminho e acolhermos o desafio: “Como o caminhante: canta
e segue adiante (…) Avança no bem! (…) Progride no bem, progride na fé, sem
desvios, progride na vida santa! Canta e caminha!” (Santo Agostinho, Sermão
256). Bom caminho, boa semana!
“Meu
Senhor, Amo-te,
Meu
Deus, peço-te perdão,
Meu
Deus, creio em Ti,
Meu
Deus, confio em Ti.
Ajuda-nos
a amarmo-nos uns aos outros
como
Tu nos amas”
(Madre
Teresa de Calcutá)