segunda-feira, junho 15, 2015

ACREDITAS NA VIDA DEPOIS DO NASCIMENTO?


Quem já viveu a experiência do sofrimento sabe bem como é a inquietação do coração quando, durante a noite, vigia para que o outro que sofre não se sinta só e tenha tudo o que necessitar. Ser ‘visitado’ pelo sofrimento é entrar numa escola onde se (re)aprende o que é verdadeiramente humano. Os pequenos gestos, que se tornam em gestos decisivos e fundamentais; as pequenas carícias, que devolvem a esperança e são um bálsamo para as dores; as palavras que ganham outra densidade, pois diz-se apenas o essencial e o silêncio gera uma cumplicidade que se traduz em olhos que contemplam…mesmo se inundados pelas lágrimas. Perto ou longe tu já viveste esta experiência!

Parto desta experiência vital para te falar de um dos segredos mais belo do Evangelho: Acreditar na vida depois do nascimento! Sim, quando Jesus nos fala do seu Reino como ‘semente lançada à terra’ (Marcos 4, 26-34), fala-nos desta capacidade de semear (e enraizar!), no que é finito, a eternidade. Fala-nos de um dom que se planta com liberdade, que germina e cresce com a vulnerabilidade da ternura de quem sabe acompanhar e que produz um fruto que se torna alimento e abrigo para os que de coração humilde sabem ver (e acolher!), no tempo, essa novidade que converte a vida: o Evangelho!

A semente plantada no coração do mundo és tu. Sou eu. Somos nós! E, uma vez que todas as grandes transformações acontecem de dentro para fora, consegues já ver o que Deus está a semear em ti e contigo? Com razão alguém disse um dia “só quem acredita no que é pequeno, sabe ver o que Deus faz!”…e tu, Acreditas na vida depois do nascimento? Deixo-te com uma história que talvez já conheças, mas que é sempre bom (re)ler…e ACREDITAR! Boa Semana!

«No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebés. O primeiro pergunta ao outro:
- Acreditas na vida depois do nascimento?
- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Que estupidez, não há vida após o nascimento. Como seria essa vida?
- Eu não sei exactamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical alimenta-nos. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída, o cordão umbilical é muito curto.
- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.

- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
 - Bem, eu não sei exactamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamã e ela cuidará de nós.

- Mamã? Acreditas na mamã? E onde ela supostamente está?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamã, por isso é claro que não existe nenhuma.
- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente, como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela...»


quinta-feira, junho 04, 2015

NO AMOR...SOMOS UM!



Não somos simplesmente diante dos outros ou com os outros, somos ‘para os outros’. É assim também que a Palavra, semente de Vida (e)terna para o nosso ser e agir, nos faz entrar no coração daquilo que é essencial na nossa fé: proclamar que Deus é Trindade, origem e fonte de todo o Amor. Amor para todos!

O Amor que nasce do Evangelho é sempre ‘presença’, uma liberdade que se dá e que está disponível para acolher, na gratuidade, o que o outro é e a partir de onde ele está. O Amor (quando é verdadeiro!) nunca idealiza, realiza! Mais ainda, converte e transforma a partir da raiz, em profundidade. Para sempre. É isso que, no dizer de Paulo, nos faz filhos e nos resgata da escravidão! Somos herdeiros de uma identidade que nada, nem ninguém, poderá jamais ‘desfigurar’. Como disse, sabiamente, o Papa emérito Bento XVI: “o verdadeiro amor promete o infinito!”. Mas, para nós, trata-se de algo ainda maior e mais profundo, pois Deus, que é Amor infinito, não só promete, dá! Dá-se para sempre! A todos. E nós somos enxertados, isto é, ligado de modo vital, a Ele para sempre no Amor. Por Amor. Com Amor.

É assim que (re)começa em nós, agora que passaram as grandes festas da Páscoa,  o tempo que a liturgia chama de ‘tempo comum’ ( = deixar que Cristo nosso Irmão e Redentor habite os nossos caminhos e alargue as fronteiras do nosso coração). É um tempo que não começa ao acaso, nem por acaso. Se todos os recomeços são providenciais, recomeçar a partir do coração da Trindade é fundamental. Livra-nos da idolatria (dentro e fora de nós!), desperta-nos para a ternura (evitando a tentação de fazer dos outros objetos!) e coloca-nos num dinamismo essencial: ser rosto de um Reino que foi semeado em cada coração e que precisa germinar e dar fruto.

O Amor-Trinitário pede-nos que renunciemos ‘à tentação da perfeição’, porque ela torna-nos egoisticamente solitários, e um solitário, mesmo que fosse perfeito, só poderia amar-se a si mesmo! O Amor-Trinitário convoca-nos para aquele ‘Amor-vulnerável’ de quem se sabe sempre peregrino, trabalhado pelas mãos do ‘Divino Oleiro’, e num 'Êxodo' evangelicamente dinâmico que nos faz olhar para além daquilo que os olhos conseguem ver e fazer de cada gesto, palavra, encontro, olhar, silêncio um hino de ‘Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo’. Não se trata, portanto, de “matemática teológica” para tentar descortinar se a Trindade é 1 = 3 ou 3 = 1, trata-se isso sim de redescobrir, com o encanto de um coração de criança, que com a Trindade, No Amor,...somos UM!