terça-feira, maio 07, 2013

SER CASA ABERTA PARA TODOS…

Habitar um espaço é mais do que ‘estar lá dentro’. Hoje em dia são cada vez mais, e multiformes, os espaços que somos chamados a ‘habitar’. Das fronteiras bem definidas passámos a viver, como diz Bauman, num ambiente líquido (como ‘líquido’ se tornou também o amor) onde se tornou mais fácil “viver uma conspiração contra a confiança”[in, AMOR LÍQUIDO, sobre a fragilidade dos laços humanos]. Mas como ‘habitar a história’ sem medo da memória? Como ‘habitar a vida’ sem fugas nem pressas? Como fazer do quotidiano uma escola de ternura, onde afecto e razão, dançam em harmonia o ritmo de uma intimidade equilibrada, atenta e criativa? São perguntas sérias demais para uma “resposta de cartilha”.

Do concreto da vida todos temos histórias (belas!) para narrar, momentos densos de significado, de mudança, de construção activa. Momentos feitos de euforia, outros de lágrimas (= os “óculos” para ver a Deus, segundo o Papa Francisco), outros tantos de silêncio...sinal de que não nos acomodámos a ver a vida passar nem sufocámos as palavras e a Vida que nos habita.

É de Vida que nos fala esta semana a Palavra. Uma vida desenhada com os contornos amorosos de um Deus sempre pronto a recomeçar. Uma vida tecida por encontros e palavras, com a força da Palavra que é Ele. UMA VIDA QUE SE FAZ CASA, templo, celebração quotidiana desta intimidade que gera o diálogo, deste Amor que se faz escola de proximidade, desta determinação que desperta os sentidos e a criatividade para fazer acontecer o dom total de um amor terno que abraça cada história humana com a delicadeza do Amor Eterno que é o Espírito de Deus. Um Amor que aquece o coração e que ilumina a vida.

Não se trata de um “GPS para horas de aflição”, quando perdemos o rumo da vida e da história; Nem se trata, portanto, de ‘recalcular percursos’ ou de encontrar o ‘atalho’ mais próximo para chegar ao fim estabelecido. Trata-se sim de aprender a VALORIZAR cada passo dado, cada história tecida num quotidiano que é DOM e que não podemos desperdiçar, mesmo que às vezes estejamos diante de uma página do livro da (nossa) vida escrita com tonalidades mais escura. As cicatrizes, da vida e do coração, são fruto de um AMOR DETERMINADO que não se cansou de CONSOLAR E DE ENVOLVER DE AFECTO as horas amargas do viver e do amar. Pois o Amor é o ‘fruto maduro’ de quem não desiste!

É isto que nos garante Jesus esta semana quando nos fala de Si e do Pai: «Nós viremos a ele (= Tu) e faremos nele (= em Ti) a nossa morada». Ser Casa de Deus, aberta a todos, com portas e janelas escancaradas ao quotidiano e ao futuro. Uma casa onde circula o ‘perfume da Páscoa’ e onde se oferece um afecto reconciliador, cheio da Paz que é o Ressuscitado, e que só Ele nos pode dar. SER HABITAÇÃO DE UM AMOR INVENTIVO que desenha novidade em gestos feitos de atenção ao outro…

Já viste, por exemplo, com quanta indiferença caminhamos hoje pela rua? Mais facilmente desviamos a cara do que dizemos “bom dia!”…

Na tua casa (= Vida), em vez de muros, CONSTRÓI À PORTA UM JARDIM e deixa a porta aberta, para que quem passe, sentindo o perfume, saiba que pode entrar e que em ti encontrará o afecto e a paz de que precisa.

Diante do ‘novo’ que precisa de ‘rostos’ e de ‘espaço’ (= casa), não quererás ser tu um/a dos que começa a quebrar os muros da acomodação? «Não se intimide o teu coração!».

Boa Semana, Boa PAZCoa ;)

EVANGELHO: João 14, 23-29
DESAFIO: romper rotinas com gestos concretos de afecto.
Dizer + vezes: “BOM DIA”, “OBRIGADO”, “SIM”,…