segunda-feira, novembro 26, 2012

…esperas por Mim?



Imagino que é Domingo, 2 de Dezembro 2012.
São 8:15 e acordo com o meu telemóvel a tocar “I'm okay, I'm alright (Aurea). 

Depois de uma noite feita das rotinas de todos os sábados, volto a ‘enroscar-me’ nos cobertores pois está frio. Hoje não me apetece levantar! Ultimamente sinto que me atravessa um ‘vazio’. Já não sei se vale a pena estudar, às vezes pergunto-me se vale a pena viver. Se fosse possível “emigrar” para um outro planeta…talvez fosse tudo mais fácil por lá…como se isso não bastasse, a minha fé…bem, essa também já viveu melhores dias!...
Sei que inicia hoje o tempo do Advento [tempo de expectativa e de esperança!] quase em “contra-corrente” ao que vêem os meus olhos, ao que sente o meu coração e ao rumor que ensurdece os meus ouvidos. Estou cansado de “ver a vida ao contrário”!
De há uns dias para cá, dentro de mim, escuto uma voz que me desassossega e me diz: “…(ainda) esperas por Mim?”. Não me angustia esta voz; Pelo contrário, traz-me até alguma paz e devolve-me ao coração a “doçura” de outros tempos... Recordo-me que nesta altura preparava em casa uma coroa com 4 velas, lembro-me de Isaías que falava da Esperança, de João Baptista que falava do ‘caminho que era preciso preparar’, não me esqueço que Maria foi visitada por um Anjo… recordo-me ainda que fazia o presépio com os meus irmãos… Este era um tempo para “ressuscitar” a esperança, para ‘acordar’ a capacidade de amar, para ‘desenhar’ uma nova disponibilidade para acolher; Um tempo para ‘enraizar’ a certeza de que e eu e a vida não somos um acaso…e, como se isso tudo não bastasse, este era o tempo para me fazer ver, olhos nos olhos e coração a coração, que “Deus amou de tal modo (louco!) o mundo, que lhe deu o seu Filho”(cf. Jo 3, 16)…
 Levantei-me da cama de imediato! Percebi que mais do que “remoer o tempo”, o que eu tinha de fazer era “vivê-lo”! Percebi claramente que ‘Aquela voz’ despertava em mim um tempo novo, uma vida nova, que eu não podia deixar escapar ou desperdiçar. Percebi, afinal, que eu ainda sabia esperar e que não estava morta, em mim, a expectativa de um coração crente que se abre à novidade de um “Deus-Louco-de-Amor”. Saí de casa, e lá fui cantando pela rua o refrão que me ‘despertou’ (só que desta vez à minha maneira!):

I'm okay, I'm alright
I got God feelings on my mind.
I'm okay, I'm alright With You”.

E se o Advento é “esperar Aquele que sempre nos espera”, então:
Eu espero por Ele, com Ele e nEle.
Espero com a Igreja, casa dos ressuscitados e tenda da Esperança.
Espero no Mundo com todos os ‘peregrinos’ que têm fome e sede de Deus.
Espero, alegro-me e faço-me ao caminho…porque Ele vem! Ele está!
E tu, “(ainda) esperas …?”

Se quiseres podes rezar assim ao longo do teu advento:
Ó Cristo, Tu que abres em mim, e no mundo, a porta da esperança, ensina-me a esperar e a recomeçar contigo em cada amanhecer. Faz que os meus olhos vejam para além de mim e que o meu coração se alegre na partilha. E em cada anoitecer faz-me colher nas estrelas a doce luz que põe fim às minhas trevas. 

[Texto para a newsletter de Novembro do DNPJ]