quarta-feira, novembro 09, 2011

Tudo é um milagre…quando aprendemos a ver!

Há dias em que a rotina (parece que) nos mata! Há outros dias em que andamos tão anestesiados que não vemos um palmo à frente do nariz, tudo corre (e decorre) diante da nossa apática vontade. E há outros em que o dom e os dons de Deus parecem tão vivos e presentes que acabamos por despertar e dar-nos conta que afinal eles sempre lá estiveram…nós é que não quisemos vê-los!

Vem isto a propósito de um “milagre do quotidiano”, como costumo chamar-lhe.

Por estes dias, no rebuliço da vida académica quotidiana, uma colega partilhava comigo a dificuldade que uma outra colega sua estava a ter para realizar um determinado trabalho para uma das disciplinas que está a frequentar este semestre. Contou-me que a viu chorar muito estes dias, pois é estrangeira e está aqui apenas há 2 meses, e as dificuldades com a língua ainda são grandes, e sublinhou que ela não estava a ser capaz de escrever uma linha para esse bendito trabalho, de tão bloqueada que estava com os nervos.

Em segredo esta colega decidiu, para a ajudar e estimular, fazer-lhe uma das páginas desse trabalho, segundo ela a parte mais difícil, pois envolvia a análise de um estudo sociológico italiano e a consequente elaboração de um gráfico com dados estatísticos… e lá meteu mãos à obra! Pediu a minha ajuda e, durante a hora de almoço, lá trabalhámos. Depois do trabalho feito fomos participar num simpósio organizado pela nossa Universidade sobre “a Missão em tempos de Nova Evangelização”.

Terminado o simpósio, Roma brindava-nos com um inicio de noite muito chuvoso, tínhamos de apanhar o autocarro e lá saímos apressados do auditório; Enquanto saíamos ela agradecia imenso a ajuda, com os olhos a brilhar de lágrimas, pois tinha a certeza de que quando chegasse a casa a colega, que não sabia desta sua iniciativa, iria sentir-se bem e iria animar-se.

Enquanto passávamos apressados diante da capela da universidade ela puxa-me pelo braço e diz-me: “anda daí que eu não posso ir embora sem te agradecer a ajuda”. Eu lá lhe disse que não precisava de me agradecer, etc. e lá acabámos por entrar na capela da universidade.

Ajoelhámo-nos e ela começou a prostrar-se e a beijar o chão. Fazia-o com uma delicadeza tal que me impressionou. Ficámos ali alguns instantes em silêncio, e quando saímos disse-me: “é assim que se agradece a alguém na minha cultura! E como eu sei que o fizeste por Deus não podíamos ir embora sem eu Lhe agradecer a ajuda que ele me deu por ti. Obrigado!”. Dei-lhe um abraço e lá fomos apanhar o autocarro.

Diante de mais este “milagre do quotidiano” dei por mim em silêncio, por entre a chuva e um autocarro cheio de gente, a recordar-me do dia da minha ordenação sacerdotal, também eu prostrado por terra a escutar a ladainha dos santos…e a dizer-Lhe: “Obrigado, eis-me aqui!” Cheguei a casa, ainda em silêncio, era o fim de mais um dia, mas com uma certeza renovada: Tudo é um milagre…quando aprendemos a ver!

www.youtube.com/watch?v=zUed26NaIz0



3 comentários:

débora disse...

Numa palavra: "gosto".
Na verdade, em duas: "gosto muito".

CLEMENS disse...

Seguindo o exemplo do comentário anterior, apenas consigo dizer: obrigado!

Um abraço, no coração de Deus!

Ultreia de Anadia disse...

Ainda a pessoas, que sabem receber e sabem agradecer.