quarta-feira, março 21, 2012

Nunca te esquecerei!...

A memória desempenha na nossa vida um papel fundamental. Somos sempre uma memória aberta ao futuro, ponto de chegada e desafio a construir. A nossa vida narra-se a partir desta “memória afectiva” que acolhe o passado sem ressentimento, vive como dom o presente e abre-se ao futuro na esperança. A memória e o afecto definem-se numa palavra: Ternura. E é de Ternura [total e Pascal] que nos fala hoje a Palavra de Deus.

Isaías, numa profunda sabedoria colhida na árvore frondosa duma fé peregrina, recorda a um povo triste, cansado e que se julgava sem futuro, que Aquele que nos criou não nos entregou ao acaso, e sublinha de um modo que nos deixa plenos de entusiasmo e de espanto aquilo que a nossa inteligência e o nosso coração deveriam trazer sempre tatuado: “Eu [o Teu Deus] NUNCA TE ESQUECEREI!”.

Não esquecer alguém significa muito mais do que ter “boa memória”, é um dom que devemos pedir e renovar em cada dia, pois “só quem ama é que não esquece”, quem ama dá-se…todo…por inteiro…sempre! É assim que a ternura desenha uma nova configuração para o nosso quotidiano: viver [a partir da Páscoa de Jesus] não pode ser um somar de dias, de encontros, que depressam se transformam num tempo fugaz que o vento leva. Viver (e)Ternamente significa, como dizem os meus amigos brasileiros, “viver com um coração de Mãe”, isto é, “ter lugar sempre para mais um!”, e este “mais um” não é a soma de um número, é uma opção de vida, de amor [Pascal]…pois o amor não escolhe, acolhe; não julga, perdoa; não faz contas, serve!

E afinal, não foi isso que Ele fez?

A nossa quaresma começou há 4 semanas! Já viste o que Ele tem andado a fazer em ti e contigo? Tens-te dado conta da ternura com que este Deus te ama?...

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