Imagino que é Domingo, 2 de Dezembro 2012.
São 8:15 e acordo com o meu telemóvel a tocar “I'm okay, I'm alright” (Aurea).
Depois de uma noite feita
das rotinas de todos os sábados, volto a ‘enroscar-me’ nos cobertores pois está
frio. Hoje não me apetece levantar! Ultimamente sinto que me atravessa um ‘vazio’.
Já não sei se vale a pena estudar, às vezes pergunto-me se vale a pena viver. Se
fosse possível “emigrar” para um outro planeta…talvez fosse tudo mais fácil por
lá…como se isso não bastasse, a minha fé…bem, essa também já viveu melhores
dias!...
Sei que inicia hoje o tempo do Advento [tempo de expectativa e de esperança!]
quase em “contra-corrente” ao que vêem os meus olhos, ao que sente o meu
coração e ao rumor que ensurdece os meus ouvidos. Estou cansado de “ver a vida
ao contrário”!
De há uns dias para cá, dentro de mim, escuto uma voz
que me desassossega e me diz: “…(ainda) esperas por Mim?”. Não me angustia esta
voz; Pelo contrário, traz-me até alguma paz e devolve-me ao coração a “doçura”
de outros tempos... Recordo-me que nesta altura preparava em casa uma coroa com
4 velas, lembro-me de Isaías que
falava da Esperança, de João Baptista
que falava do ‘caminho que era preciso preparar’, não me esqueço que Maria foi visitada por um Anjo… recordo-me ainda que fazia o
presépio com os meus irmãos… Este era um tempo para “ressuscitar” a esperança, para
‘acordar’ a capacidade de amar, para ‘desenhar’ uma nova disponibilidade para
acolher; Um tempo para ‘enraizar’ a certeza de que e eu e a vida não somos um
acaso…e, como se isso tudo não bastasse, este era o tempo para me fazer ver,
olhos nos olhos e coração a coração, que “Deus amou de tal modo (louco!) o
mundo, que lhe deu o seu Filho”(cf. Jo 3, 16)…
Levantei-me
da cama de imediato! Percebi
que mais do que “remoer o tempo”, o que eu tinha de fazer era “vivê-lo”!
Percebi claramente que ‘Aquela voz’ despertava em mim um tempo novo, uma vida
nova, que eu não podia deixar escapar ou desperdiçar. Percebi, afinal, que eu
ainda sabia esperar e que não estava morta, em mim, a expectativa de um coração
crente que se abre à novidade de um “Deus-Louco-de-Amor”. Saí de casa, e lá fui
cantando pela rua o refrão que me ‘despertou’ (só que desta vez à minha maneira!):
“I'm okay, I'm alright
I got God feelings on my mind.
I'm okay, I'm alright With You”.
E se o Advento é “esperar Aquele que sempre nos espera”,
então:
Eu espero por Ele, com Ele e nEle.
Espero com a Igreja, casa dos ressuscitados e tenda da
Esperança.
Espero no Mundo com todos os ‘peregrinos’ que têm fome
e sede de Deus.
Espero, alegro-me e faço-me ao caminho…porque Ele vem!
Ele está!
E tu, “(ainda) esperas …?”
Se quiseres podes rezar assim ao
longo do teu advento:
Ó Cristo, Tu que abres em mim, e no
mundo, a porta da esperança, ensina-me a esperar e a recomeçar contigo em cada
amanhecer. Faz que os meus olhos vejam para além de mim e que o meu coração se
alegre na partilha. E em cada anoitecer faz-me colher nas estrelas a doce luz
que põe fim às minhas trevas.
[Texto para a newsletter de Novembro do DNPJ]
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