SER CASA ABERTA PARA TODOS…
Habitar
um espaço é mais do que ‘estar lá dentro’. Hoje em dia são cada vez
mais, e multiformes, os espaços que somos chamados a ‘habitar’. Das
fronteiras bem definidas passámos a viver, como diz Bauman, num ambiente
líquido (como ‘líquido’ se tornou também o amor) onde se tornou mais
fácil “viver uma conspiração contra a confiança”[in, AMOR LÍQUIDO, sobre
a fragilidade dos laços humanos]. Mas como ‘habitar a história’ sem
medo da memória? Como ‘habitar a vida’ sem fugas nem pressas? Como fazer
do quotidiano uma escola de ternura, onde afecto e razão, dançam em
harmonia o ritmo de uma intimidade equilibrada, atenta e criativa? São
perguntas sérias demais para uma “resposta de cartilha”.
Do
concreto da vida todos temos histórias (belas!) para narrar, momentos
densos de significado, de mudança, de construção activa. Momentos feitos
de euforia, outros de lágrimas (= os “óculos” para ver a Deus, segundo o
Papa Francisco), outros tantos de silêncio...sinal de que não nos
acomodámos a ver a vida passar nem sufocámos as palavras e a Vida que
nos habita.
É de Vida que nos fala esta semana a Palavra. Uma
vida desenhada com os contornos amorosos de um Deus sempre pronto a
recomeçar. Uma vida tecida por encontros e palavras, com a força da
Palavra que é Ele. UMA VIDA QUE SE FAZ CASA, templo, celebração
quotidiana desta intimidade que gera o diálogo, deste Amor que se faz
escola de proximidade, desta determinação que desperta os sentidos e a
criatividade para fazer acontecer o dom total de um amor terno que
abraça cada história humana com a delicadeza do Amor Eterno que é o
Espírito de Deus. Um Amor que aquece o coração e que ilumina a vida.
Não se trata de um “GPS para horas de aflição”, quando perdemos o rumo
da vida e da história; Nem se trata, portanto, de ‘recalcular percursos’
ou de encontrar o ‘atalho’ mais próximo para chegar ao fim
estabelecido. Trata-se sim de aprender a VALORIZAR cada passo dado, cada
história tecida num quotidiano que é DOM e que não podemos desperdiçar,
mesmo que às vezes estejamos diante de uma página do livro da (nossa)
vida escrita com tonalidades mais escura. As cicatrizes, da vida e do
coração, são fruto de um AMOR DETERMINADO que não se cansou de CONSOLAR E
DE ENVOLVER DE AFECTO as horas amargas do viver e do amar. Pois o Amor é
o ‘fruto maduro’ de quem não desiste!
É isto que nos garante
Jesus esta semana quando nos fala de Si e do Pai: «Nós viremos a ele (=
Tu) e faremos nele (= em Ti) a nossa morada». Ser Casa de Deus, aberta a
todos, com portas e janelas escancaradas ao quotidiano e ao futuro. Uma
casa onde circula o ‘perfume da Páscoa’ e onde se oferece um afecto
reconciliador, cheio da Paz que é o Ressuscitado, e que só Ele nos pode
dar. SER HABITAÇÃO DE UM AMOR INVENTIVO que desenha novidade em gestos
feitos de atenção ao outro…
Já viste, por exemplo, com quanta
indiferença caminhamos hoje pela rua? Mais facilmente desviamos a cara
do que dizemos “bom dia!”…
Na tua casa (= Vida), em vez de
muros, CONSTRÓI À PORTA UM JARDIM e deixa a porta aberta, para que quem passe, sentindo o
perfume, saiba que pode entrar e que em ti encontrará o afecto e a paz
de que precisa.
Diante do ‘novo’ que precisa de ‘rostos’ e de
‘espaço’ (= casa), não quererás ser tu um/a dos que começa a quebrar os
muros da acomodação? «Não se intimide o teu coração!».
Boa Semana, Boa PAZCoa ;)
EVANGELHO: João 14, 23-29
DESAFIO: romper rotinas com gestos concretos de afecto.
Dizer + vezes: “BOM DIA”, “OBRIGADO”, “SIM”,…
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