segunda-feira, fevereiro 09, 2015

«…YOU RAISE ME UP!


Por detrás de todo o lamento há um murmúrio secreto de confiança, há um coração que na noite se abre ao dia e sussurra “eu confio em ti!”. É desta ‘secreta confiança’ que são feitos muitos dos nossos gestos, das nossas palavras, gestos, silêncios e decisões. É assim também quando temos que atravessar a porta do sofrimento humano…Precisamos de nos descalçar, de formar na ‘arte da escuta’ o nosso coração, precisamos de ‘desposar a esperança’ com um coração habitado por aquela primavera de quem sabe que o futuro é desconhecido, mas não é incerto!

Esta semana somos também nós atravessados por uma esperança que não (des)ilude, uma esperança activa que nos faz perceber que deixamos marca em tudo e em todos os que tocamos (cf. Mc 1, 29-39). E, assim como fica ‘tatuada’ na realidade a nossa impressão digital, também em nós deveria ficar tatuada a ternura de quem sabe que um toque vale mais de mil palavras e um silêncio (contemplativo e misericordioso) vale por mais de mil imagens, dado que requer aquele ‘olhos nos olhos’ feito de uma cumplicidade que nasce do amor e que é habitada pela fidelidade que faz sempre dos pontos finais um ponto de partida.

Não nos basta, para abraçar a vida em plenitude e para nos recordar que somos amados, o ‘depois dou-te um toque’ com que tantas vezes nos comunicamos. Nem nos serve um abraço fugaz ou a ‘pancadinha nas costas’ como se fossemos os eternos ‘amigalhaços da superficialidade’. Tocar no outro, e tocar o outro, é um dom que não se improvisa. É uma responsabilidade. É um compromisso, e uma aliança, com aquela ‘ternura Pascal’ de quem aprendeu a beijar a história sagrada daqueles com quem se cruza…e só o pode fazer quem deixou que Deus, em Jesus, pudesse abraçar e beijar a sua fragilidade.

Sim, o nosso Deus é um ‘enamorado pela nossa pequenez’! Não porque nos queira pequenos, mirrados e sufocados num ‘vale de lágrimas’, mas porque desde sempre nos sonhou para sermos um (in)finito abraçado pela Páscoa…

A verdade é que fomos mais habituados a olhar para Ele como ‘um que nos julga’ em vez de O acolhermos como ‘O único que nos cura’. Mas Deus, quando nos toca, não nos esmaga; e quando a Sua mão entra na nossa história, não é para nos ‘apontar o dedo’ mas para levantar-nos e dizer-nos: “Vamos recomeçar? Eu acredito em ti!”.


Porque é Amor, Deus só sabe recomeçar. E é assim que Deus nos quer nesta semana: a deixar a acomodação e a suscitar recomeços. Ele quer-nos a ‘dar a mão e a levantar’ aqueles que se deixaram entrevar (= encher de trevas/escuridão), os que perderam no caminho a linha do horizonte, os que andam interiormente cheios de ‘diabos’ (= divisão/confusão),…e tu, em quem vais deixar ‘a tua marca’? E como?...Boa Semana!



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