segunda-feira, janeiro 16, 2017

...NÃO É SÓ UMA QUESTÃO DE ÁGUA!


Zygmunt Bauman escreveu que “a vida é muito maior que a soma dos seus momentos”. O dom que nos é dado para viver não se resume à ‘contabilidade’ superficial dos bons ou maus acontecimentos, vai além! Em cada encontro, em cada lugar onde estamos, nas pessoas com quem nos cruzamos, nos caminhos que percorremos, há uma centelha divina que nos acompanha, ilumina e desafia.

Vem isto a propósito da Palavra com que Deus nos visita esta semana (Jo 1, 29-34). Jesus faz-se caminho e vem ao nosso encontro nas circunstâncias em que nos encontramos. Deus sempre gosta de nos visitar nos locais que habitamos! O ‘extraordinário’ de Deus acontece no nosso cotidiano, habitualmente na dinâmica de um encontro que suscita intimidade e seguimento. Tal como João, também nós precisamos estar atentos a Cristo que passa e aprender a decifrar os ‘sinais’ da Sua presença.

Sabemos que a predileção de Deus é começar sempre ‘pelas margens’, foi assim naquele encontro no rio Jordão, é também assim com cada um de nós. Onde houver necessidade de presença, cura, esperança e libertação, aí está Deus a fazer-se próximo, a transformar a partir de dentro, a atrair para caminhar juntos! Somente Ele sabe o que somos e o que precisamos, por isso não hesita um instante em se fazer consolação, misericórdia, ternura e salvação.

Jesus gosta de estreitar as margens, de fazer pontes, de iniciar o diálogo, de oferecer perdão, de abrir horizontes. Como Deus-Peregrino, Jesus oferece comunhão para vencermos a solidão e a indiferença, unge as nossas feridas e transforma os nossos corações para que possamos ser vasos de esperança para a humanidade, chama-nos para o seguirmos pois sabe que, mais do que nunca, o mundo precisa hoje de rostos e de ternura para (re)aprender a olhar para além da ‘soma dos momentos’ e a degustar com sabedoria e discernimento o eterno e o instante.

Contemplar, Acolher, Escutar, Seguir e Imitar Jesus, eis os verbos essências para uma ‘gramática cotidiana’ do nosso discipulado. Como tenho conjugado estes verbos? Qual o peso que eles têm na minha vida?

Só podemos ‘ver’ o que João viu quando estes verbos deixarem de ser apenas ‘infinitivos impessoais’ e se tornarem uma ‘conjugação pessoal’ de verbos transitivos que unem o cotidiano com o Mistério da Fé. Aí sim, veremos o ‘Cordeiro’, nos sentaremos em Sua mesa e saborearemos com Ele o Pão que dá vida e coragem, o Pão que nos transforma em ‘Luz para as nações’. Nessa hora, nossos olhos se abrirão para ver ‘mais além’ e ‘para o alto’ e o nosso batismo não terá sido somente ‘uma questão de água’, mas sim o motor decisivo de uma vida ritmada pelo ‘Fogo-Amor Eterno de Deus’ que permanece em nós e nos faz Ver-Seguir e Dizer: “Eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus”. BOA SEMANA!



Um bom desafio para esta semana pode ser a (re)leitura do nº 262-283 da Exortação Evangelii Gaudium do Papa Francisco procurando refletir sobre como andas a conjugar os verbos essenciais da ‘gramática do seguimento de Jesus’. Pode encontrar o texto do Papa clicando Aqui



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