quarta-feira, maio 02, 2007

a loucura de ser padre (2)...

Como já sabem encontro-me num "repouso forçado", e tenho por isso aproveitado este tempo para ler algumas coisas que já andam há algum tempo na minha secretária, para rezar e também para escrever (poesia, disparates, entre outras coisas...).
Tenho entre mãos um livro sobre o Padre Américo chamado: “padre Américo – Místico do nosso tempo”, este homem, este (Grande) padre é impressionante…um ícone das bem-aventuranças acolhidas, rezadas e vividas em pleno!!! Merecia ser mais lido aquilo que ele escreveu, merecia que todos (e não só os de coimbra) se empenhassem na sua beatificação. Este homem com o seu pensamento e coração cheio de Deus faz-nos bem!
Acabou também de me chegar às mãos vindo de Roma um interessante livro de Salvino Leone chamado "Nati per sofrire?" (Nascidos para sofrer?), é um trabalho como diz o autor para uma "ética da dor". Do livro falarei em post's seguintes dado que ainda agora o comecei...
O meu amigo Joaquim (permita-me que o trate assim) que apenas conhecia das lides da blogoesfera esteve comigo no Domingo na ordenação de dois jovens rapazes felizes (e santos!) um foi ordenado diácono o outro presbítero. Lá falámos da evangelização e do que os padres fazem (ou deviam fazer por aqui)…foi muito interessante a conversa. Obrigado! Gostava por isso de partilhar aqui algumas brevíssimas considerações sobre uma temática que por força dos textos bíblicos das eucaristias destes dias me tem mantido espiritualmente ocupado: ser padre (pastor) hoje!
“Quem é o padre? Para que serve?” tendo em conta a missão que a Igreja me confiou esta é a pergunta que muitas vezes algumas pessoas me fazem.
Com a seriedade e serenidade de quem procura viver as coisas a partir de dentro eu digo, parafraseando S. Agostinho, que o padre é um “mendigo de Deus”(é assim que ele define todo o homem que reza!) e que o Padre não serve para nada se dele se tem uma imagem utilitarista de dispensador de sacramentos sem mais, uma espécie de “funcionário de Deus”, como escreveu em tempos um polémico teólogo. Mas, costumo acrescentar, a questão não é para que serve mas a quem serve. Como dizia abundantemente um bispo português: o Padre é um “expropriado de si para utilidade pública”, é aquele que está disposto a fazer caminho com humildade, aquele que aprendeu a escutar antes de falar, aquele que trata da “beleza espiritual do povo de Deus” (cf. D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima). Por isso o Padre é então para mim o mendigo de Deus, o faminto do Pão da vida, é aquele que é enviado para amar com ternura e caminhar humildemente…é uma loucura ser assim, mas só assim vale a pena, só assim é que se descobre a alegria do ministério.

5 comentários:

Anónimo disse...

Estou de acordo. O padre representa Cristo na terra, o que exige Abnegação, Dádiva, Amor.
O Padre Américo foi um grande homem com uma obra espantosa de abertura aos mais pobres.Os grandes homens de Deus são assim, dão-se inteiramente, sem medos. Abandonam-se por completo nas Mãos de Deus. Não é fácil. Já lá dizia Stº Agostinho «Senhor dai-me a Santidade, mas não já!»
Por agora, as melhoras!

Tonito disse...

Por muito que queira, não posso comentar a loucura de ser padre. No entanto, a loucura de ser Cristão... dessa sim consigo dar a minha opinião.

Hoje em dia, ser Cristão é mesmo uma loucura. Independentemente da vocação para o qual somos chamados, somos convidados a viver essa vocação ao jeito de Cristo. Uma Vida de entrega, de responsabilidade, de AMOR pelo próximo. E isso sim é loucura no mundo onde vivemos. É fácil olhar para o outro quando o objectivo é enriquecer o nosso umbigo... agora quando olhamos para o outro sem pensar no nosso umbigo mas apenas no dele... E disto Jesus percebia muito bem. E mais que perceber... Ele viveu a Sua vida segundo este critério... e isso é fantástico.

Fico feliz por, pouco a pouco, me ir abrindo a este jeito de viver. Confesso que é uma loucura fantástica neste mundo de doidos mas... vale bem a pena. Só por ter plena consciência que ao fazer algo de bom para o outro, é a mim que estou a fazer bem... só por isso já vale a pena pensar em muitos umbigos que não seja o meu.

As melhoras para o pé e... que Jesus te ajude cada vez mais a ser aquilo que estás chamado a ser e a viver!?

Grande Abraço

SHALOM

joaquim disse...

Caro amigo Padre

Obrigado pela referência. Pode tratar-me como muito bem entender.
Acho que a empatia foi mútua e que a conversa interessante me ajudou a perceber que não estava “muito errado” nas minhas “apreciações”.
Quando ao fim de mais de 20 anos de afastamento de Deus, da Igreja, o Senhor, (como eu costumo dizer), colocou um basta na minha vida desperdiçada, precisei, obviamente, de conselhos, de direcção espiritual, (hoje em dia tem-se medo desta “expressão”), de amizade, de abraços, de acolhimento, de bom senso, de tudo, enfim, que me aproximasse mais de Deus e da Igreja e não me afastasse irremediavelmente.
Tive então no Pe. José da Lapa, Espiritano, (que é apontado como aquele que trouxe o Renovamento Carismático Católico para Portugal) e no Pe. António Fernandes, Beneditino de Singeverga, as “muletas” para a minha vida.
O primeiro que me ensinava a entrega, a dádiva da vida, o segundo que me ajudava a ser rigoroso, exigente comigo mesmo e com os outros, sempre numa amizade, num amor, que me fazia sentir amado por Deus, por eles e pelos outros.
Nunca lhes descortinei qualquer “enfado” com as minhas perguntas, dúvidas, incertezas, mas sim uma entrega total a tentarem modelar este barro duro que eu era e ainda sou.
O Pe. José da Lapa, ainda está entre nós e continua a ser um grande amigo em quem confio, o Pe. António Fernandes, morreu cedo, para o muito que tinha para dar. Mistérios de Deus!
Concordo inteiramente com o que escreve acerca dos padres e da sua missão e como nada posso acrescentar, apenas digo que estes dois, para além de tantos mais, graças a Deus, cumpriram e ainda cumprem a missão a que foram chamados.
Da estampa de Ordenação do Pe. António Fernandes, retiro esta frase, que representa a meu ver a vida de um padre:

“Ai sabei amigos meus, ser padre é isto somente, não ser de si, nem dos seus para ser de toda a gente.”

Abraço amigo em Cristo

um irmão. disse...

Que a sombra do Altíssimo nos abrace na comunhão fraterna…

Fui monge trapista numa abadia em França, e agora sirvo como missionário numa paróquia no Sul enquanto aguardo o momento de Deus e busco um espaço para fundar uma comunidade de irmãos monges missionários… Tenho acompanhado sempre os passos da Diocese de Coimbra onde nasci espiritualmente e fisicamente… por isso vou orando e espreitando pelas janelas que vão surgindo aí através dos vossos testemunhos… essa a razão porque também fui espreitar o projecto das vocações…(www.comvocacao.net)... parabéns..está muito bom..força, estou convosco de alma e coração nesse projecto…orarei e se precisarem de alguma ajuda falem…

Anónimo disse...

Padre Américo, para mim um Pai sei porque o falo.
Direi toda a minha vida, todos os momentos, obrigada, sem ti não sei o que seria de mim.
Quando caia amparaste-me, em todos os momentos ajudaste-me, mesmo quando não percebi.
Para mim é o meu segundo grande pai e um Santo...
Obrigada adoro-te...