Aos olhos (postumamente) tristes de uma amiga - Homenagem (também) póstuma!
“Olhaste-me e leste-me a alma”
Dir-me-ás, certamente,
Mas,
Estremeci ao fitar-te triste (?), cansada(?), sei lá…
Talvez a dureza indizível de um qualquer combate interior,
Talvez o deserto te habite por um instante,
E como tantos outros e outras
Sintas o medo de uma aridez que parece florir do nada
E nada fazer florir…
Talvez te saibas proximamente longe
Dess’outra terra longínqua que te anseia e espera,
Que geme por amor o teu sorriso
E que fará florir o teu afecto.
Talvez a inconstância do que sentes
Te faça temer o futuro,
Des-valorizar o presente
E resignadamente aceitar o passado
Como um mero facto consumado
Onde se cristalizaram a criatividade e a ousadia…
Talvez, somente,
Me queiras dizer com os teus olhos tristes
Que já não queres mais sonhar
Ou inventar o amor
Que “a menina” que foste
adormeceu num sono eterno
donde já não quer mais acordar….
E viverás assim,
Anestesiada diante da vida
Pelo medo de olhar mais longe
Julgando que
o que os outros pensam ou sentem
pode tolher
O que realmente és e sonhas?
Não!
Essa não és Tu!
Não te convenças do que não és (nem nunca foste!)
Indolência e medo
Não rimam decididamente
Com o teu sorriso atrevido
De cumplicidade no sonhar
E no viver,
No amar e no chorar…
…Para Ele contas sempre
E ninguém ocupará o teu lugar.
Para Ele,
Para mim,
Para nós
És insubstituível!
És o sorriso forte
quando nos faltam as forças
És o porto de abrigo
no meio de tantas tempestades
És o rosto belo de Deus que nos diz:
“Estou aqui. Sou Eu. Não temas”
(e dou por mim a rezar-sussurrar aquele cântico de Taizé:
“Deus é amor, atreve-te a viver por amor. Deus é amor, nada há a temer”)
5 comentários:
"Deus é AMOR, atreve-te a viver por amor.
Deus é AMOR, nada há a temer"
:)
É o meu cântico favorito. Raramente consigo conter as lágrimas quando o ouço ou toco. Mas o que eu mais queria, neste momento, era ser capaz de o sentir e, acima de tudo, ter a ousadia de viver o que canto. Como é que se faz?
olá Anónimo(a),
obrigado por passares por este cantinho que também é teu...aqui és sempre bem-vindo(a)!
quanto á tua questão:
parece-me importante duas coisitas a teres em conta
1)a oração a Cristo, com Ele e n'Ele, não é um sentimento, rezamos também com os sentimentos, mas a oração é essencialmente uma relação, um diálogo amigo e de amor...se ela fosse apenas um sentimento imagina como seria a nossa vida cristã e de fé...certamente seria uma coisa banal, passageira...e a fé não é isso, é uma vida, uma presença, uma relação permanente, mesmo que às vezes possamos ser frágeis...Deus continua a sustentar-nos, a guiar-nos, ainda que o não "vejamos ous sintamos" e aqui toco outro ponto
2) muitas vezes experimentamos na fé e na oração tempos de consolação e tempos de desolação interior...o importante é não desistir, sobretudo quando vem a desolação, o "não sentir nada". importa permanecer, como diz um outro cântico que certamente conheces: "permanece junto de Mim, ora e vigia"...é a fidelidade que traz sabor e sentido à oração e á vida...
quanto à ousadia de viver o que cantas: vive com confiança cada dia e sem te dares conta Deus já terá construido em ti e contigo isso mesmo que cantas! como dizia santo Agostinho:
"canta como cantam os viandantes,
canta e caminha [não para ficares na inércia mas para estimulares o esforço]sem te perderes, sem voltares para trás, sem parares...canta e caminha!"
se quiseres falar mais demoradamente (e privadamente) sobre isto e se precisares de alguma ajuda estou disponível para isso...basta que me mandes um mail e depois podemos falar.
um abraço em Cristo
Olá de novo!
Obrigada pela atenção e pela força! Sinto-me tão desamparada e vazia... e por isso torna-se difícil, muito difícil, acreditar que Ele continua a cumprir a promessa que fez quando disse que estaria sempre comigo. Mas preferia falar acerca disto com um bocadinho mais de privacidade. Qual é o seu mail?
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