sexta-feira, junho 05, 2009

A Desilusão Relacional...

A vida é feita de surpresas.
Algumas verdadeiramente supreendentes (dom de Deus) outras naturalmente desconcertantes.

A Relação inter-pessoal é profundamente exigente, obriga-me a conhecer o outro não de forma interesseira mas numa atitude interessada. Desafia-me a perceber quem ele é, quais as suas expectativas e anseios mais profundos, os seus medos e as suas alegrias,...enfim, é desafio permanente a ser com o outro numa atitude responsável, delicada e dedicada. implica uma escuta atenta e demorada, mais do que uma relação do tipo "Jornal da Noite TVI" (ao jeito de Manuela Moura Guedes)...

Estranha-me por isso que continuemos (até no seio da Igreja) a não entender que "só quem se deixou ferir pelas dores do outro, pelos seus anseios, por tudo o que ele é e está a ser" é que tocou verdadeiramente o humano. só quem foi capaz de colher as lágrimas copiosas de um qualquer pranto, só quem foi capaz de intuir nos olhos tristes a dor que vai dentro, ou numa simples palavra o desassossego de "quem quer partir e já não pode ficar" é que verdadeiramente tocou o humano e o Divino. Foi assim o nosso Cristo! Talvez por isso custe ainda a muitos aceitá-lo assim, despido de todas as armas, desarmado de todo o poder, servindo, apenas e só, a compaixão do Pai.

Por estes dias tive a oportunidade de reflectir e rezar tudo isto a partir da experiência daquilo a que chamo "desilusão relacional"...Felizmente que a Igreja não se pode confundir com a pessoa X ou Y, mas uma realidade é certa...quanto mais desiludidos mais distantes, e quanto mais distantes mais determinados a partir...é assim o ciclo da "desilusão relacional", quando o Papa Paulo VI falava que a Igreja era "perita em humanidade" tinha toda a razão...pena é que quem governa, entre desnortes e confusões, entre indecisões permanentes e ritmos atabalhoados, sem rumo e sem projecto, numa esquizofrenia pastoral do tipo bombeirista (olhando para o imediato sem perscrutar o futuro!), se canse com coisa nenhuma e esqueça o fundamental...mantendo supostamente uma "lucidez que resolve tudo" com uma banalidade tal...que questiona qualquer cristão mais atento e comprometido. Como não há-de questionar-se um padre?...

5 comentários:

Maria João disse...

Já saí da Igreja há uns anos. Voltei, graças a Deus. Mas, andei por seitas (IURD e ainda tive um pé nas Testemunhas de Jeová) e lembro-me que me zanguei muito com a Igreja, porque achava que era tudo muito ritualizado. Faltava o exemplo de amor e de entrega de Cristo entre os que são Igreja.

Penso que as coisas estão a mudar. Há vários grupos muito sólidos neste aspecto e que têm trazido pessoas de volta à Igreja. Mas, ainda se tem de trabalhar muito neste aspecto.

Mas, lá está: só se pode trabalhar neste aspecto se nos unirmos e se continuarmos a ser Igreja.

beijos

Maria João disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

clarividência

zélia disse...

"...quanto mais desiludidos mais distantes, e quanto mais distantes mais determinados a partir..."

Isto é sem duvida um sentimento que de vez enquando me habita...seja ele em relação á Igreja, seja em relação aos desafios que Deus coloca no meu caminho... a desilução leva á distancia...e esta á vontar de partir, de mudar tudo de sitio... esquecer até mesmo quem fomos... à vontade de acordar de manhã com outra cara....mas esquecemo-nos que o coração é o mesmo...

Por isso quando um novo desafio nos toca sentimos que Deus não nos abandonou e que nos está estendendo a mão... Por isso agradeço a Deus o desafio que me tem lançado neste ultimos meses...é impressionante como Deus não desiste de nós...Sem duvida que foi Ele que nos escolheu e não nós que o escolhemos a ELE... e como diz o padre Luís e muito bem desafia-nos "... a perceber quem ele é, quais as suas expectativas e anseios mais profundos, os seus medos e as suas alegrias,...enfim, é desafio permanente a ser com o outro numa atitude responsável, delicada e dedicada. implica uma escuta atenta e demorada, ..."


Obrigado padre Luís pela sua partilha


zélia Patrício

Rita disse...

Só mais uma linda partilha! :)
Sabes como me identifico com ela :)
Um grande beijinho*

Rita