quinta-feira, março 03, 2011

(d)escrever-me!...

À medida que o tempo passa, e com a velocidade a que corre a informação, fácilmente "postamos", "clickamos", "Tagamos"...enfim, um mundo de gestos e hábitos que a pouco e pouco nos fazem perder a capacidade de verbalizar quem somos, o que sentimos, como estamos, como nos vemos, o que sonhamos...Habituámo-nos a viver, em algumas (talvez muitas) situações, sem "narrar a vida", deixando que simplesmente ela nos leve.
O problema não está na técnica ou nos meios (felizmente mais abundantes!) de que dispomos para comunicar(-nos), o problema é que, passo a passo, vamos caminhando para uma sociedade "mono-silábica" e "mono-afectiva" onde o dom que cada um é se dilui, onde nos perdemos na repetição de mutismos ou na gaguez de quem não sabe (já) expressar o que sente, o que vive em profundidade, o que deseja...
Dou-me conta disto na graça dos pequenos encontros nicodémicos em que brota a espontaneidade...somos, de facto, um dom e um mistério! É aí que a narração se faz partilha, que a vida se faz escola para aprender o amor e plantar a esperança e que os dons pessoais, todos os dons, se tornam o suave perfume com que Deus vai tornando formoso cada passo da história...
Aprender a "narrar a vida" é aprender a cultura do dom, é entrar na escola da humildade sabendo que tenho sempre mais para aprender e ser (não tendo medo de partilhar o que sou, penso, faço ou sinto); É acima de tudo acolher e oferecer perdão, sabendo que as mágoas só se curam com amor.
Narrar a vida é uma oportunidade única que não se pode desperdiçar...dado que cada momento é tempo e espaço (ou, numa alusão Eucaristica, é Mesa) onde o Amor (e)terno de Deus quer encher de futuro cada história humana.

1 comentário:

ser.so.ser disse...

Porque o que senti tem que ser narrado em mais do que um gosto... ;)
Tenho que dizer que gostei mesmo e que em muitas coisas me identifiquei (infelizmente), mas lá está... o caminho faz-se passo a passo. Temos que deixar de dizer: "Nunca te disse isto... " :)