É interessante como um abraço, um
olhar, um sorriso pode mudar tudo.
Todos gostamos de abraços,
gostamos que nos olhem nos olhos quando partilhamos algo fundamental, e sabemos
como aquele sorriso, na hora certa, nos pode arrancar até de uma amargura muito
profunda. Mas, é habitualmente à mesa que todas as relações ganham uma nova
densidade! A mesa é o lugar da intimidade partilhada, dos sorrisos cúmplices,
das gargalhadas mais estridentes,... É por isso que não gosto nunca de comer
sozinho. A mesa é lugar da relação, é um espaço privilegiado para o encontro,
não é à toa que a mesa foi pensada pelo menos para 4!
A mesa é o lugar para acolher os
que chegam, cansados da vida ou do caminho, mas é também o lugar para reunir os
que já estão dentro de casa, para desenhar o futuro, celebrar o presente,
agradecer o passado. A mesa é uma evocação do quotidiano, do pão e do vinho da
nossa existência, o fruto da terra,
da videira, e do trabalho do homem e da mulher. Mas a mesa é também, tantas
vezes, o lugar da memória, da recordação dos que estão ausentes, da doce
expectativa do regresso dos que se afastaram…
Não foi ao acaso que Jesus
escolheu “a mesa” como sinal de acolhimento incondicional, de partilha e
entrega total. A mesa tornou-se o coração da “acção de graças” (= Eucaristia),
desta entrega por todos e para sempre. É o lugar para selar a “Nova Aliança”
que vence a morte e que dá a Vida. É ali que Deus nos comunga e nos oferece a
comunhão com Ele…é ali que Ele, suscita em nós a esperança e alimenta o
sonho do Reino. É por isso que a Eucaristia, o estar sentado à mesa com Ele
e com os outros, é presença que compromete, que nos compromete com toda a
história, com cada pessoa, em todas as situações: «Fazei isto em memória de Mim». É que comungar
não é só celebrar um rito, nem somente colocar-se diante de Deus, Comungar
é, segundo o Evangelho, oferecer a vida para o bem do irmão.
A
Eucaristia é, portanto, o Pão que à mesa se faz vida partilhada para que ninguém se sinta só ou sem lugar; É o Pão
da liberdade para os que se sentem
agrilhoados ao peso da vida, ao vazio, ao sem sentido; É o Pão da concórdia para os que andam divididos
ou para os que causam a divisão; É o Pão da misericórdia para os que se sentem indignos…é o Pão da vida para nos curar de tudo aquilo que
nos mata. É para aqui que desafia o imperativo de Jesus aos doze, e a nós
também, no evangelho de hoje quando diz: «Dai-lhes
vós de comer».
Sim,
o mundo continua a ter fome. Nós continuamos a ter fome. Continuamos a ter fome
de paz no coração e na inteligência, continuamos a ter fome de afecto, de
compreensão, de perdão, continuamos a ter fome …FOME DE DEUS! Talvez seja por
isso que o Mestre, sabendo que seremos sempre estes «peregrinos famintos»,
tenha ‘inventado’ esta forma quotidiana e simples de nos ir dando, todos os
dias, a Eternidade. Sim, a Eucaristia é a Eternidade com “sabor” a Pão…e embora
te caiba nas mãos, é muito mais, muito maior e muito melhor do que aquilo que,
aqui e agora, consegues ver e celebrar…
EVANGELHO
- Lucas 9, 11b-17
DESAFIO
- Esta é uma semana para recuperar o sentido da mesa e do acolhimento. Vamos
dar + tempo a uma das nossas refeições e valorizar a partilha. Vamos “incluir”
outros na nossa mesa quotidiana (e são tantos os que não têm 1 pão em cada
dia!). que tal convidares alguém que esteja a passar dificuldades e
oferecer-lhe um almoço/jantar? (dar sem humilhar, porque cada pobre é teu
irmão!).
E
porque não ser também uma semana em que faço a experiência de me sentar com Ele
à mesa, todos os dias, na Eucaristia? O desafio está lançado!
SE
QUISERES, podes ir rezando assim ao longo da semana:
Dá-nos, Senhor,
um olhar sereno
para Te
contemplarmos nas pessoas
e nos factos da
nossa vida quotidiana.
Dá-nos ouvidos
atentos
para escutarmos
as dores e as angústias
dos homens e
mulheres nossos contemporâneos.
Dá-nos um
coração crente
capaz de acolher,
servir e partilhar o pão de cada dia.
Dá-nos entranhas
de misericórdia
para abraçarmos
com o Teu perdão
todas as vidas
golpeadas pelo pecado e pelo desespero.
Dá-nos coragem
para ajoelhar na hora do sucesso
e humildade para
Te pedir perdão na hora do fracasso.
Por fim, Senhor,
dá-nos a alegria
de ter sempre fome de Ti
E faz-nos
sentar, em cada dia, à Tua mesa. Ámen.
1 comentário:
A hora da refeição à mesa, é muito importante para o equilibrio de uma familia, seja de 4,3, 2, pois o olhos nos olhos, é muito importante mesmo que imperceptivelmente.
Hoje, as pessoas n se olham enquanto fazem uma refeição me comum, seus olhos estão postos, na tv:
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