Rezar não é fácil, desnuda-nos. Confronta-nos com o
que somos, com o que fizemos e com o que podemos ser. Rezar é abrir-se ao
futuro! Há quem diga que para rezar é preciso ter coragem. Eu, pessoalmente,
acho que o que é verdadeiramente necessário é ter amor! Só reza quem ama. A
oração é, no fundo, uma questão de ‘cor-ação’. É perceber, afinal, que a nossa
teimosia, os nossos ritmos sempre em ‘descompasso’, as nossas lamúrias (acerca
de nós e dos outros), a nossa falta de esperança, os nossos horizontes curtos, necessitam
de um constante ‘upgrade’ de Amor, de um permanente ‘download’ de Esperança e,
necessitam ainda, de serem provocados para um ‘upload’ quotidiano das nossas vivências,
dos nossos passos, cheios de Páscoa...mas não ‘cheios de nós’. É que a oração
liberta-nos do ‘narcisismo’, talvez seja por isso que rezar parece (a tantos e
tantas vezes) uma missão impossível.
É por isto, e por muito mais do que isto, que Jesus
recorda no Evangelho de hoje (Lucas 18, 1-8) «a necessidade de orar sempre sem
desanimar». Reza quem descobre que não é autossuficiente, reza quem sabe que
Deus escuta a voz dos humildes. Reza quem percebe que a oração não é ‘magia’
mas Encontro, feito de vida. Sim, rezar é respirar a Vida! A ‘viúva’ que bate à
porta e clama por justiça, recorda-nos que é preciso ser fiel, perseverar, não
deixar morrer os sonhos, cuidar do nosso ‘jardim interior’ onde ‘Deus faz novas
todas as coisas’ e abrir-se ao futuro com uma confiança ilimitada.
Quem reza não ‘envelhece’! E não se trata de fazer ‘plásticas’,
pois a oração não é carnaval nem uma questão de ‘estética’ ou de ‘cosmética’.
Quem reza não ‘envelhece’, porque aprende a ver e a saborear a novidade
permanente de Deus no mundo não com o saudosismo do tempo que já lá vai, não
com a ingenuidade optimista das fugas para a frente, mas com aquele realismo
evangélico de quem sabe que todo o tempo é tempo de Deus, é ‘Kairós’, tempo da
salvação viva e activa, uma salvação que é (um) presente!
Rezar, no fundo, é a confiança feita acção! Dizia Madre
Teresa de Calcutá: «nós complicamos a oração como complicamos muitas outras
coisas. Ela é – para vós, para mim, para todos nós – amar Jesus com um amor sem
reserva e sem limite. E esse amor, sem reserva e sem limite, é posto em prática
sempre que fazemos o que Jesus nos diz: ‘Amai-vos como Eu vos amei’».
Rezar é, portanto, redescobrir no Amor a coragem de
se abrir ao futuro, sem isolamento ou depressão, mas fraternamente, em
comunhão. A oração é o modo ‘inventado’ por Deus para nos ajudar a ‘desmascarar’
a nossa indiferença quotidiana, para nos ensinar a contemplar os outros com um ‘coração
de criança’, para nos fazer saborear a vida em cada respiro e para nos fazer
olhar para além de nós…porque rezar é habitar (desde já) a eternidade.
Rezar dá-nos ‘discernimento’, isto é, um coração que
sabe ler os factos como ‘história de salvação’. Uma história da qual faço parte
e à qual faço falta! Rezar torna-nos ‘radicais’, ou seja, ensina-nos a viver a
partir da raiz das coisas e não tanto da ‘espuma dos dias’. Rezar dá harmonia
ao quotidiano fazendo de cada gesto, palavra ou silêncio um “cântico de
gratidão” que nos leva a dizer: «Meu Deus, pelo que passou ‘obrigado’. Ao que está
para vir: ‘Sim’».
Precisamos de rezar! Rezar o que somos, agradecer o
que temos. Precisamos de rezar uns pelos outros, porque a oração quebra a
indiferença…e faz a diferença. Não te esqueças então que toda a oração começa
com o verbo confiar(-se).
DESAFIO: Escolhe para cada dia desta tua semana uma
pessoa e/ou uma situação pela qual queiras rezar. Confia tudo isso e todos
esses, em cada amanhecer, ao nosso Deus que é Amor. Fá-lo do jeito que quiseres…pois
na oração ‘o jeito certo’ é mesmo rezar. Eu rezarei por ti! BOA SEMANA!
1 comentário:
Boa noite!
Obrigada por me ter proporcionado passar estes últimos minutos do dia vagueando pelo seu blog e ir para o descanso da noite com o coração cheio deste Deus-Amor!!!!
Santa noite.
Ana Matos
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