quarta-feira, dezembro 16, 2015

PORTAS ABERTAS, CORAÇÕES ESCANCARADOS!


“De quantas portas fechadas é feita a tua vida?”, é a provocação que nos acompanha esta semana!  Na verdade, o começo de um Jubileu, agora ‘mais próximo’ e ‘mais dentro’ de nós, é sempre oportunidade para (re)fazer uma ‘peregrinação interior’.

A porta é muitas vezes invocada como sinal de segurança, de preservação da intimidade, de salvaguarda do que é privado...muitas vezes é também um sinal de profunda rejeição! Há portas que nunca se destrancam, outras só se entreabrem quando se responde à famosa interrogação: “Quem é?”. Que bom seria que antes da pergunta viesse a afirmativa: “Entre!”. Como metáfora da vida, a porta recorda-nos o quanto algumas vidas são uma prisão permanente...e há vidas e corações tão ‘blindados’! Por entre portas trancadas, blindadas ou entreabertas a nossa vida é um desafio permanente a destrancar, a desblindar...a escancarar.

Não foi em vão que um santo do nosso tempo nos interpelava assim: “Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao Seu poder salvador abri os confins dos estados, os sistemas económicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem “o que está dentro do homem”. Somente Ele o sabe!” (João Paulo II)

A misericórdia, oferta de recomeço para os pecadores e esperança para os frágeis, pede-nos a capacidade de redescobrir que “a casa de Deus é um abrigo, não uma prisão e a porta se chama Jesus” (Papa Francisco). Pede-nos sobretudo a ousadia de sair do templo e fazer o “Jubileu ao contrário”, tal como o sonhou Tonino Bello quando afirmava que o problema maior das nossas comunidades cristãs não é o de abrir portas de entrada para os espaços sagrados mas portas que se escancarem do templo para a praça, seguindo a Cristo-peregrino e tocando todos os ‘estaleiros quotidianos’ onde cada pessoa continua a ser desfigurada e espera ansiosamente o regaço, consolo e a ternura do Deus-Amor.

Por estes dias somos chamados a redescobrir que a misericórdia e a alegria são irmãs gémeas. Há uma alegria, a que nasce da fé, que precisamos também de aprender a cantar quotidianamente com estas palavras do grande Profeta da Esperança: "Deus é o meu Salvador, tenho confiança e nada temo. O Senhor é a minha força e o meu louvor. Ele é a minha salvação” (Isaías 12).

Interrogados e desafiados pela pergunta evangélica: “Que devemos fazer?” (Lc 3, 10-18), anima-nos a convicção de que toda a vida é feita de (re)começos, especialmente quando percebemos que “a misericórdia de Deus é a sua responsabilidade por nós. Ele sente-se responsável, isto é, deseja o nosso bem e quer ver-nos felizes, cheios de alegria e serenos” (Papa Francisco). Eis, portanto, os nossos pés que se colocam a caminho...de Portas abertas e de coração escancarado. Boa Semana!




"Deus só pode dar-nos seu amor, o nosso Deus é ternura" (Cântico de Taizé)

Sem comentários: