domingo, novembro 20, 2016

A TUA CRUZ NÃO ME É INDIFERENTE...


Não há solidão e dor maior do que a de não ser amado. Uma das doenças mais mortíferas do tempo em que vivemos é a solidão do esquecimento e da exclusão. Os novos esquecem os velhos, em família os laços são cada vez mais ténues e ‘os muros’ cada vez mais crescentes...O cotidiano facilmente se vai transformando num ‘deserto existencial’ onde se cruzam a alta velocidade indivíduos e onde aumenta o vazio de quem já não dialoga, escuta, olha nos olhos...

No encontro com o Evangelho, Palavra que restitui dignidade e oferece salvação, damo-nos conta como para Jesus cada encontro é um ‘sacramento’. Ele gosta de se demorar no encontro, gosta de olhar nos olhos, de escutar e de ler o coração, de ver para além dos nossos limites, de rasgar fronteiras onde só vemos muros, de oferecer infinito onde só olhamos perdição...gosta de entrar no nosso cotidiano, saborear conosco os passos do caminho e sentar-se conosco na mesa da nossa intimidade mais profunda para aí repartir o pão que dá sabor, sabedoria e significado ao nosso existir.

Não poderia ser diferente nesta página que acolhemos como alimento para esta semana! Ei-lo, o nosso Rei, sem blindagem nem filtros, entregue à morte para nos abrir (e)ternamente a porta da vida! Na hora da cruz continua a ser tentado pela arrogância egoísta e mesquinha que tantas vezes nos habita: “Tu não és o Cristo. Salva-te a ti mesmo!”...Como é que o Amor poderia agora contradizer-se?! Deus sabe que o nosso egoísmo gera solidão, Deus sabe que com a ânsia de querermos tudo rápido, muitas vezes ficamos sozinhos, isolados, perdidos... Deus sabe (sim, só Ele o sabe!) que o desamor com que tantas vezes vivemos, somos e nos olhamos precisa de um amor fiel, não só até à cruz mas para além dela! Precisamos de um amor que nos abrace nas nossas contradições, que nos cure sem nos alienar, que nos perdoe sem nos humilhar...e esse Amor só Ele nos pode dar!

Seduzido pela voz suplicante do malfeitor crucificado-arrependido, o Amor-de-todo-Amor não resiste a fazer o seu penúltimo milagre, faz-se perdão...pois o Amor só sabe uma coisa: oferecer recomeço onde todos põem fim! BOA SEMANA.



Esperei por Ti,
na viagem do tempo,
no amanhecer de cada estação.

Ao cair de cada folha no outono,
no alegre despontar da vida
na aurora de todas as primaveras,
no pôr do sol de cada verão,
na travessia serena de cada inverno…

Esperei por Ti,
sem pressa e sem medo,
porque o Amor nunca se atrasa.

E dancei contigo em todas as praças da Vida
embalado pelo perfume suave de um abraço
Que fazia de nós uma só carne.

Esperei por Ti,
para beijar e abraçar a tua história,
derramando em cada uma das tuas feridas
o bálsamo da paz e a delicadeza da ternura
que enche de futuro cada passo
e que amplia as fronteiras do coração.

Esperei por Ti,
sem pressa e sem medo,
porque o Amor nunca se atrasa.

E, as encruzilhadas do tempo,
sabendo que Te esperava,
fizeram de teu coração um diamante
para que brilhassem nele todas as cores da Vida
e pudesses vir ao meu encontro
trazendo no peito a doce luz
que nenhuma noite pode apagar.

Descalço,
corri ao Teu encontro,
beijei-te na fronte para te dar a paz
e, naquela hora de graça,
o tempo tornou-se apenas um instante
que agora nos abraça 'para sempre'
…e nos faz casa um para o outro.

Esperarei por Ti,
sem pressa e sem medo,
porque o Amor nunca se atrasa.



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