terça-feira, dezembro 05, 2017

O RISCO DO ENCONTRO...


Trazemos dentro de nós o poder de transformar vidas: palavras que salvam, gestos que curam, olhares que libertam, toques que transformam. É com esta perspectiva que mergulho neste Advento! É com esta ‘vigilância’ (não policial, mas evangélica!) que aceito percorrer um caminho que será tecido pela filigrana da fé e dos afetos, da Esperança e do Silêncio.

Muitos confundem o advento com ‘imobilização’ pensando que ele é (apenas) tempo de espera. Mas esperar (ou ter Esperança!) exige de nós atitude, determinação, exige que o nosso coração se mova, que nossos olhos se abram, que nossos lábios aprendam a sussurrar e a degustar cada palavra com a ternura que converte. Advento não é ficar ‘estacionado’ na garantia de que Deus continua a agir, a mover-se para nós e em nós. O Advento pede-nos que acolhamos o “Verbo procedente do Silêncio” (Inácio de Antioquia). É caso para nos perguntarmos, agora que iniciou mais um ano litúrgico: onde estava no último advento? De onde estou (re)partindo neste Advento?...

A Palavra da Vida, que escutámos no último Domingo, recordava-nos que o primeiro passo do nosso Advento deve ser a confiança. Temos um Pai! Um Pai que nos procura, um oleiro que nos molda sem nos esmagar, um Pai-peregrino que nos acompanha, consola e, mesmo diante das nossas rebeldias, não recua...antes se apressa para nos envolver num (e)terno abraço que nos aquece o coração e nos (re)lembra que na vida da fé o ‘milagre do recomeço’ dá solidez aos nossos passos.

Para perscrutarmos os sinais da Sua presença, e corrermos para Seus braços, a boa notícia do Evangelho recordava-nos que precisamos ‘vigiar’. E o que é afinal essa vigilância? Esse é o segundo passo do nosso caminho. Vigiar significa essencialmente estar desperto, estar acordado...não deixar que a ‘sonolência espiritual’ feche os olhos do nosso coração e da nossa vida. Advento é caminho para o Encontro! Se adormecermos, não faremos esta peregrinação que nos mostrará que “Ele está no meio de nós”!

Com todos estes desafios diante da vida, inteligência e do coração e, relendo alguns números da Evangelii Gaudium do Papa Francisco, onde diz: “O Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com os seus sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado. A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura. (...) o desafio que hoje se nos apresenta é responder adequadamente à sede de Deus de muitas pessoas, para que não tenham de ir apagá-la com propostas alienantes ou com um Jesus Cristo sem carne e sem compromisso com o outro. Se não encontram na Igreja uma espiritualidade que os cure, liberte, encha de vida e de paz, ao mesmo tempo que os chame à comunhão solidária e à fecundidade missionária, acabarão enganados por propostas que não humanizam nem dão glória a Deus” (Evangelii Gaudium nº 88-89), dei por mim a pensar: e se o nosso Advento de 2017 fosse tempo para uma redescoberta do Pai Nosso?...Boa Semana!


O que te proponho:

1. Começa por escrever/colocar no teu diário, num papel em cima da tua mesa de trabalho ou noutro local à tua escolha, o texto do Pai Nosso.

2. Pelo menos 3x ao dia, para 5 minutos e reza tranquilamente.

3. Se quiseres podes seguir este esquema, começando em cada Domingo e deixando que ele faça eco no teu caminho semanal:

I Domingo – Tomo consciência da presença de Deus em minha vida como um Pai que molda, transforma e santifico o Seu nome sendo ternura e consolação para os outros.

“Pai Nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso Nome”

II Domingo – Preparo o meu coração para acolher e construir o Reino procurando ser honesto, acolhedor de quem pensa diferente de mim e aprendendo a dialogar com serenidade.

“Venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”

III Domingo – Vivo a Alegria do Evangelho tendo durante esta semana um gesto concreto de partilha.

“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”

IV Domingo – Celebro o dom do Natal de Jesus procurando reconciliar-me, com Deus e com os outros.

“Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido
e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal.



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