sexta-feira, abril 02, 2021

OS OLHOS DO CENTURIÃO...

 




“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”, assim escreveu Saramago, como que a provocar-nos com a pergunta que fica nas entrelinhas: Afinal, O que vês? Em que(m) reparas?...

Gosto de mergulhar profundamente no Mistério da Cruz deixando-me guiar pelos olhos do centurião. Aquele homem, não sabemos se era o mesmo de Cafarnaum (Lc 7), era para os seus contemporâneos um homem importante, tinha poder e podia exigir obediência...No entanto, encontramo-lo ali, diante do calvário, mudo! Estava, num frente a frente com Jesus! Não sabemos o que o silêncio daquele espetáculo cruel lhe perguntava interiormente. Sabemos apenas que do seu olhar contemplativo brotou a ‘bem-aventurança’ do Calvário: “Na verdade, Este homem era o Filho de Deus!” (Mc 14, 1- 15, 47).

Os olhos do Centurião são janelas pelas quais a Ternura de Deus nos interpela a dar passos concretos rumo a uma vida feita Páscoa.

O que celebramos hoje não é uma liturgia da banalidade, muito menos um rito para aplacar a ira do deus-sádico, menos ainda um dia para “ter pena e chorar um morto”...

No Calvário é-nos oferecido sentido, sabor e significado para a nossa vulnerabilidade cotidiana. No altar da Cruz, Deus quer-nos fazer beber das fontes da salvação para que possamos caminhar e habitar todas as coisas com um Coração-Pascal.

Que bom seria se cada um de nós fosse capaz, de hoje em diante, de tatuar (por dentro!) no coração esta certeza de Isaac de Nínive: “Deus só pode dar-nos o seu amor!”

Sim, o grande mistério que celebramos hoje é este: Amor. Amor que Salva. Para todos. Para sempre!

️ Se puderes, coloca em tuas mãos um crucifixo que tenhas em casa, fixa no rosto d'Ele o teu olhar e sussurra-lhe assim:


“Meu Senhor, eu te Amo,
Meu Deus, peço-te perdão,
Meu Deus, creio em Ti,
Meu Deus, confio em Ti.
Ajuda-nos a amarmo-nos
uns aos outros
como Tu nos amas”
(Madre Teresa de Calcutá)




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