quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Quarta-feira de Cinzas - 2007

É assim que te vou seduzir ao deserto para te falar ao coração

(cf. Oseias 2, 16)



A história da Salvação deu ao deserto um significado religioso e profundo. Conduzido por Moisés e mais tarde iluminado por outros profetas, o Povo eleito pôde, através de privações e sofrimentos, experimentar a presença fiel de Deus e da sua misericórdia; alimentou-se com o pão descido do céu e extinguiu a sede com a água que brotava da rocha; o Povo de Deus cresceu na fé e na experiência do evento do Messias redentor.
Foi também no deserto que João Baptista pregou e as multidões acorreram a ele para receber, nas águas do Jordão, o baptismo de penitência: o deserto foi um lugar de conversão para acolher Aquele que vem para vencer a desolação e a morte ligadas ao pecado. Jesus, o Messias dos pobres que ele cumula de bens (cf. Lc 1,53), deu início à sua missão assumindo a condição daquele que tem fome e sede no deserto.
Amados irmãos e irmãs, convido-vos, ao longo desta Quaresma, a meditar a Palavra de vida deixada por Cristo à sua Igreja a fim de que ilumine o itinerário de cada um dos seus membros. Reconhecei a voz de Jesus que vos fala, especialmente neste tempo de Quaresma, no Evangelho, nas celebrações litúrgicas, nas exortações dos vossos pastores. Escutai a voz de Jesus que, aflito pela fadiga e pela sede diz à Samaritana junto da fonte de Jacó: "dá-me de beber" (Jo 4,7). Contemplai Jesus pregado na cruz, expirando, e escutai a sua voz apenas perceptível: "Tenho sede" (Jo 19,28). Hoje Cristo repete o seu apelo e revive os tormentos da sua agonia nos nossos irmãos e nos pobres.
Convidando-nos, com a vivência da Quaresma, a percorrer os caminhos do amor e da esperança traçados por Cristo, a Igreja ajuda-nos a compreender que a vida cristã comporta o desapego dos bens supérfluos, a aceitação da pobreza que nos liberta e que nos dispõe a descobrir a presença de Deus e a acolher os nossos irmãos com solidariedade cada vez mais activa e em comunhão cada vez mais ampla.
Recordai, pois, a palavra do Senhor: "Quem der, nem que seja um copo de água fria a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa" (Mt 10, 42). Meditai com todo o coração e com esperança naquelas outras palavras: "Vinde, benditos de meu Pai,... pois tive sede e me destes de beber" (Mt 25, 34-35). (João Paulo II, in Mensagem Quaresma 1993)


A quaresma é essencialmente um tempo de esperança. Um tempo para fazer memória do essencial e um tempo para abrir-se sem medo ao futuro, a um futuro onde Deus é o protagonista, o centro. Que caminho quero trilhar nesta quaresma? Como vou passar da superficialidade à profundidade?...


Senhor,
Venho a Ti, como tantas outras vezes,...
Também eu quero que me fales ao coração,
Quero que me ajudes a ouvir a Tua voz com mais profundidade, a acolher com mais alegria e entusiasmo a Tua Boa Nova de Salvação.
Bem sabes que nem sempre me deixo conduzir pelo teu amor… muitas vezes é o desânimo que me conduz,
a tentação de cruzar os braços e de dizer: “não vale a pena!”,…
mas, mesmo aí, não desistes de mim!
Por isso, Senhor, venho a Ti, mais uma vez,
mais determinado a amar-Te e a acolher-Te,
a deixar-me abraçar por Ti
na certeza de que a tua ternura e compaixão
me hão-de ensinar quais os trilhos a seguir neste tempo que é Teu,
neste tempo de graça e de verdade, de alegria e de esperança,
neste tempo favorável a mudar o coração, a mudar de vida.Venho a Ti Senhor… para estar contigo…para estar em Ti.




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