sábado, fevereiro 24, 2007

Sábado depois das cinzas

Jesus disse:
Quando deres um banquete, convida os pobres,
os aleijados, os coxos e os cegos.
E serás feliz por eles não terem com que te retribuir.
(cf. Lc 14,1-14)
O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se o não experimenta e se o não torna algo seu próprio, se nele não participa vivamente. E por isto precisamente Cristo Redentor, como já foi dito acima, revela plenamente o homem ao próprio homem. Esta é — se assim é lícito exprimir-se — a dimensão humana do mistério da Redenção. Nesta dimensão o homem reencontra a grandeza, a dignidade e o valor próprios da sua humanidade. No mistério da Redenção o homem é novamente «reproduzido» e, de algum modo, é novamente criado. Ele é novamente criado! « Não há judeu nem gentio, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher: todos vós sois um só em Cristo Jesus ». O homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente — não apenas segundo imediatos, parciais, não raro superficiais e até mesmo só aparentes critérios e medidas do próprio ser — deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e pecaminosidade, com a sua vida e com a sua morte, aproximar-se de Cristo. Ele deve, por assim dizer, entrar n'Ele com tudo o que é em si mesmo, deve «apropriar-se» e assimilar toda a realidade da Encarnação e da Redenção, para se encontrar a si mesmo. Se no homem se actuar este processo profundo, então ele produz frutos, não somente de adoração de Deus, mas também de profunda maravilha perante si próprio. Que grande valor deve ter o homem aos olhos do Criador, se «mereceu ter um tal e tão grande Redentor , se «Deus deu o seu Filho , para que ele, o homem, «não pereça, mas tenha a vida eterna».Na realidade, aquela profunda estupefacção a respeito do valor e dignidade do homem chama-se Evangelho, isto é a Boa Nova. Chama-se também Cristianismo. Uma tal estupefacção determina a missão da Igreja no mundo, também, e talvez mais ainda, «no mundo contemporâneo».
João Paulo II, Redemptor Hominis nº 10 (1979)
dá(r) que pensar....
Sou convidado por Jesus a entrar na lógica de Deus, a viver o “evangelho dos últimos”, isto é, a ter uma predilecção especial pelos mais frágeis, pelos “desamados”(pois o amor não é abstracto!).
Como é a minha relação com “os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos...”deste que é o meu tempo?...
Pão para o caminho...

Senhor,
Hoje trago à Tua presença
todos os que vêem ferida a sua dignidade mais profunda,
todos os que são explorados, marginalizados,...
sabes, às vezes também eu, com os meus preconceitos,
não sou capaz de Te reconhecer nestes que são
“pequenos, pobres, coxos,...”
também eu, às vezes, me deixo ir na onda de escolher as “boas companhias”,
os “influentes”,...seguindo uma outra lógica que não é libertação,
verdade ou profundidade.
Por isso, Senhor, hoje venho a Ti, com toda a multidão de homens e mulheres
que mesmo estando à margem Tu não deixas de convidar para o Teu banquete.
Venho para fazer festa contigo e com eles,
Venho para Te dar graças por me teres ensinado a ver nos seus rosto
O Teu rosto belo, a formosura de um amor simples, que se deixa tocar...
A formosura que se fez Pão para que também eu me sente à mesa e saboreie este amor terno, doce e misericordioso.

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