quinta-feira, fevereiro 22, 2007

sexta-feira depois das cinzas

Nós não sabemos o que havemos de pedir,
para rezarmos como deve ser;
mas o próprio Espírito intercede por nós
com gemidos que não se podem explicar.
(cf. Rom 8,26-27)


Nós todos, quando oramos, somos discípulos de Cristo, não porque repetimos as palavras que Ele uma vez nos ensinou — palavras sublimes, conteúdo completo da oração. Somos discípulos de Cristo, mesmo quando não usamos essas palavras. Somos seus discípulos já, só porque ora-mos: «Escuta o Mestre que ora; aprende tu a orar. Para isto, de facto, orou Ele, para nos ensinar a orar», afirma Santo Agostinho (Sto. Agostinho, Enarrationes in Ps., 56, 5) E um autor contemporâneo escreve: «Uma vez que o termo do caminho da oração se perde em Deus, e ninguém conhece o caminho senão Aquele que vem de Deus, Jesus Cristo — é necessário (...) fixarmos os olhos n'Ele só. É o caminho, a verdade e a vida. Só Ele percorreu o caminho nas duas direcções. É preciso meter-mos a nossa mão na sua e partirmos» (Y. Raguin, Chemins de la contemplation, Desclée de Brouwer, 1969, pág. 179). Orar significa falar com Deus. Atrever-me-ia a dizer mais: orar significa encontrarmo-nos naquele Único eterno Verbo, por meio de quem fala o Pai, Verbo que fala ao Pai. Este Verbo fez-se carne, para nos ser mais fácil encontrarmo-nos n'Ele, mesmo com a nossa palavra humana de oração. Pode esta palavra às vezes ser muito imperfeita, poderá até mesmo faltar-nos de todo. Mas a incapacidade das nossas palavras humanas completa-se continuamente no Verbo que se fez carne para falar ao Pai com a plenitude daquela união mística que forma com Ele cada homem que ora; que todos quantos oram, formam com Ele. Nesta particular união com o Verbo está a grandeza da oração, a sua dignidade, e em certo modo, a sua definição.
É preciso sobretudo compreender bem a grandeza fundamental e a dignidade da oração. Oração de cada homem. E ainda de toda a Igreja orante. A Igreja, em certo modo, chega tão longe como a oração: até onde haja um homem que ore.

(João Paulo II, 14 Março 1979)


dá(r) que pensar...

Sem oração não há convicção, não há verdade, não há profundidade.
O que é para mim rezar? Como rezo?...


Pão para o caminho...

Senhor,
Aqui estou uma vez mais.
Eu sei que rezar é falar conTigo, é amar-Te,...e deixar-me amar.
Mas sabes, às vezes é difícil,
Venho a Ti habitualmente para pedir...
pedir coisas...sobretudo no tempo da dificuldade.
Outras vezes, rezo a correr, com a desculpa de que há muito para fazer.
Há momentos em que também não Te rezo...
Em todos estes momentos sinto que ando a fugir de Ti,
Ou melhor, talvez ande a fugir de mim,
Com medo de me olhar com mais profundidade e verdade.
Hoje estou aqui,
Tão simplesmente para Te agradecer
Por seres o meu Deus, por me amares sem preconceitos,
Por me revestires na fragilidade com a Tua bondade e consolação,
E por me desafiares a dar passos concretos na intimidade contigo.
Hoje estou aqui para que rezes em mim e comigo...

2 comentários:

Ver para crer disse...

Obrigado por estes textos tão suculentos.
Eles serão boas sementes do Reino.

Maria João disse...

Acho que nem sempre temos a noção de que rezar é falar com Deus. Não o fazemos por mal, mas de facto nem sempre conseguimos ter a noção de que Ele está ali ao nosso lado.
Ele está a ouvir-nos.