sexta-feira, março 09, 2007

Quinta-feira II Quaresma 2007

Por isso recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos, pois Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso.
(cf. 2 Tim 1,6-14)

Para Jesus, ser seu discípulo supõe segui-l’O, andar com Ele, partilhar a Sua vida, identificar-se com Ele em tudo. O discípulo não se deixa atrair apenas pela beleza de uma doutrina, mas pela pessoa de Jesus. O Evangelista São Marcos, referindo-se à vocação dos doze Apóstolos diz que Jesus “instituiu doze para andarem com Ele” (Mc. 3,14). O discípulo supõe uma comunhão de vida.
Cristo escolhe os seus próprios discípulos. Aos que já O seguiam, Jesus lembra: “Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi…” (Jo.15,16). Essa escolha concretiza-se num convite, tantas vezes repetido: tu vem e segue-Me (cf. Mc. 1,17-20; Jo. 1,38-50). É um mistério insondável o critério com que Jesus escolhe os seus discípulos e os convida a seguirem-n’O. O segredo está, como em tudo na vida de Jesus, na sua relação com o Pai. O Senhor chama aqueles que o Pai atraiu: “Ninguém vem a Mim se o Pai, que Me enviou, não o atrair” (Jo. 6,44). Para Jesus isso parece claro: os seus discípulos são aqueles que o Pai lhe dá. É vontade do Pai que Jesus partilhe com eles a vida e lhes seja fiel nesse dom da vida. Referindo-se a eles como as Suas ovelhas, Jesus diz: “dar-lhes-ei a vida eterna; elas não perecerão e ninguém as arrancará da minha mão. O Pai que mas deu é maior que todos e ninguém pode arrancar nada da mão do Pai” (Jo. 10,28-29). A Santíssima Trindade aparece sempre envolvida na realização terrena da missão salvífica de Jesus.
Porque a vontade do Pai é que Jesus comunique aos discípulos a vida, seguir Jesus é receber d’Ele a vida, identificar-Se com Ele, imitá-l’O na radicalidade da Sua fidelidade. Reside aí a exigência do discipulado, que Jesus não esconde quando chama: “chamando a multidão ao mesmo tempo que os seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém Me quiser seguir, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me” (Mc. 8,34). O discípulo partilha o destino do Mestre: além de carregar com a Sua cruz, deve beber o mesmo cálice (Mc. 10,38) e receber o Reino (cf. Mt. 19,28ss). Entre Jesus e os discípulos gera-se, progressivamente, uma comunhão de vida, que dá à relação entre o Mestre e o discípulo uma dimensão de eternidade.

(D. José Policarpo, 28 Março 2004)


Dá(r) que pensar...
Seguir Jesus, ser seu discípulo…Ser introduzido por Ele na intimidade de Deus, eis o projecto de vida a que Deus nos convida. Neste tempo de conversão a Deus quais são os aspectos mais positivos neste caminho já trilhado? Sou realmente um discípulo a seguir o Mestre?...

Pão para o caminho...

Senhor Jesus,
fogo de amor e Pão da Vida,
Tu quiseste ficar no meio de nós
Para que não nos sentíssemos órfãos,
Mas pudéssemos experimentar quotidianamente o Amor.
Neste itinerário para a Páscoa,
Hoje convidas-me a redescobrir o dom de ser teu discípulo…
Na gratidão das palavras
vai também o silêncio de um coração
que dia a dia te repete como Agostinho:
“Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e sempre nova! Tarde Te amei!
Estavas dentro de mim, mas eu procurava-te lá fora.
Mas a força da Tua voz quebrou a minha surdez.
Tocaste o meu coração e comecei a andar no desejo da tua paz.”

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