sexta-feira, março 09, 2007

Terça-feira II Quaresma 2007

Como bons administradores das várias graças de Deus,
cada um de vós ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu.

(cf. 1 Ped 4,7-11)

A comunhão fruto do Espírito Santo é alimentada pelo Pão eucarístico (cf. 1 Cor 10, 16-17) e exprime-se nas relações fraternas, numa espécie de antecipação do mundo futuro. Na Eucaristia, Jesus alimenta-nos, une-nos a Si, com o Pai, o Espírito Santo e entre nós, e esta rede de unidade que abraça o mundo é uma antecipação do mundo futuro neste nosso tempo. Precisamente assim, sendo antecipação do mundo futuro, a comunhão é um dom também com consequências muito reais, que nos faz sair das nossas solidões, dos fechamentos em nós mesmos, e nos torna partícipes do amor que nos une a Deus e entre nós.
É fácil compreender como é grande este dom, se pensarmos nas fragmentações e nos conflitos que afligem os relacionamentos entre os indivíduos, os grupos e inteiros povos. E se não existe o dom da unidade no Espírito Santo, a fragmentação da humanidade é inevitável. A "comunhão" é verdadeiramente a boa nova, o remédio que Deus nos doou contra a solidão, que hoje ameaça todos, o dom precioso que nos faz sentir acolhidos e amados em Deus, na unidade do seu Povo reunido no nome da Trindade; é a luz que faz resplandecer a Igreja como sinal elevado entre os povos: "Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas caminhamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Pelo contrário, se caminhamos na luz, com Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros" (1 Jo 1, 6 s). A Igreja revela-se assim, apesar de todas as fragilidades humanas que pertencem à sua fisionomia histórica, uma maravilhosa criação de amor, feita para aproximar Cristo de cada homem e mulher que queira verdadeiramente encontrá-lo, até ao fim dos tempos. E na Igreja, o Senhor permanece sempre nosso contemporâneo. A Escritura não é uma coisa do passado. O Senhor não fala no passado, mas no presente, fala hoje connosco, dá-nos luz, mostra-nos o caminho da vida, dá-nos comunhão e assim nos prepara e abre para a paz.

(Bento XVI, 29 Março 2006)

Dá(r) que pensar...

Ser sinal de comunhão na partilha fraterna dos dons recebidos é o desafio que o Senhor sempre nos faz. A comunhão com Deus e a comunhão fraterna não são uma utopia. Um coração disposto a amar, a servir, é já um coração em comunhão, em sintonia...
No meu dia a dia com que gestos é que torno real/visível esta comunhão com Deus e com os irmãos?...

Pão para o caminho...

Senhor,
Eis-me aqui diante de Ti como em tantas outras vezes...
hoje não quero dizer-Te muitas coisas
Venho para estar conTigo no silêncio,
na simplicidade de quem quer escutar para poder amar,
na humildade de quem reconhece que cada passo dado
compromete, desafia e entusiasma a dar mais passos...
Olho o futuro e vejo-o marcado pela esperança,
vejo-o como um tempo que me dás
para ser tudo em Ti e todo para Ti,
e, por isso,
aqui me tens prostrado diante de Ti,
para que me fales ao coração, me preenchas com o Teu amor,
E me leves a ter a coragem de, em cada dia,
percorrer sem medo os trilhos dos homens e mulheres deste tempo
que anseiam por sentido, serenidade, profundidade e alegria...

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