Em cada
semente há uma vida pronta a germinar,
a despontar e a crescer. Basta estar
atento à natureza para ver, em cada amanhecer, como ela nos surpreende com
novas fragrâncias, com cores novas…com novos horizontes.
Somos
Buscadores do Reino e semeadores da
Palavra, é esta a missão que o Pai, o (E)terno, nos dá e para a qual nos
convoca. Não somos construtores de um império,
muito menos somos chamados a manter estruturas ou, no pior dos casos, a torná-las
ainda mais rígidas e pesadas…a nossa missão é outra: alargar fronteiras, derrubar
muros, estabelecer uma rede de
relações que “devolvam o homem ao Homem”, que façam ver o (E)terno no tempo.
Para isso precisamos de silêncio e de
tempo.
O Silêncio faz de nós “contemplActivos”, homens e mulheres capazes de
ler, no tempo e na noite, os sinais da salvação que nos abrem à Luz de um dia
novo, de uma vida nova “escondida com Cristo em Deus” (Col. 3,3). O tempo, esse educa-nos para a esperança,
isto é, para a capacidade de acolher o dom e de o deixar germinar; Mas aqui o problema
não é que Deus não saiba esperar [Ele espera-nos
sempre!], o problema maior é que às vezes, nós, já não sabemos (nem queremos) esperar…
pois andamos cansados de tanto correr.
Só quem faz
silêncio e aprende a esperar é que pode colher o fruto, que é dom total
[que vimos crescer e quotidianamente acariciámos].
A espera,
silenciosa e activa, converte-nos em homens e mulheres perfumados com a alegria
da gratidão. Homens e mulheres que encontram na memória (afectiva) uma chave de
leitura para agradecer e projectar, para acolher e partilhar. É que a memória não é o desfiar de um tempo
passado, muito menos um elenco de coisas que o tempo cristalizou, a memória é o jardim onde a ternura e o amor se
abraçam para produzir frutos de sabedoria e abrir o pórtico da esperança. É
por isso que pode recordar somente quem aprende a amar, pois “é dos que amam
que reza a história”.
Neste domingo
cruzam-se, no jardim da memória (e no mais profundo do meu coração!), alguns
factos e uma pessoa, D. Albino Cleto, com quem aprendi a alegria de partilhar o dom. Curiosamente cruza-se também neste
caminho a “Palavra eleita” por ele para pórtico e horizonte da sua primeira
carta pastoral na diocese de Coimbra: “À
sombra dos seus ramos”, de 10 de Junho de 2001. Ali sonhava uma Igreja que fosse uma árvore frondosa, criativa,
dialogante, uma sinfonia de ministérios; Contemplava
“os que estão longe” e desafiava-nos
a sermos e fazermo-nos próximos com a ternura do Coração de Deus, com a Luz do
Espírito, oferecendo(-lhes) Jesus Cristo, Caminho,
Verdade e Vida.
O tempo foi
maturando os caminhos, não se alcançaram todas as metas, despontaram novos
desafios, não encontrámos todas as respostas, mas como Igreja guiou-nos sempre ele
na paixão de servir e amar, com alegria…ao jeito de Jesus e de olhos postos no
Reino.
Nesta
hora em que cai à terra, como “grão de trigo”, o Pastor zeloso, o Amigo e o Irmão
[inteiramente dedicado a amar até ao fim,
numa entrega total que é fruto da “alegria de dar-se”], canto com gratidão o que
D. Albino Cleto foi e fez, com e para todos nós diocese de Coimbra, e digo-lhe
com a proximidade que só o coração é capaz de gerar:
“Obrigado D. Albino, até
ao céu!”
Salmo 92(91)
É bom
louvar-te, Senhor,
e cantar salmos ao teu nome, ó Altíssimo!
É bom anunciar pela manhã os teus louvores,
e pela noite, a tua fidelidade, Os justos florescerão como a
palmeira
e crescerão como os cedros do Líbano.
Plantados na casa do Senhor,
florescerão nos átrios do nosso Deus. Até na velhice
continuarão a dar frutos
e hão-de manter sempre a seiva e o frescor,
para proclamar que o Senhor é justo:
Ele é o meu rochedo e nele não há falsidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário