quarta-feira, junho 19, 2013

FORA DO AMOR…NÃO HÁ SALVAÇÃO!

Imagina um mundo sem amor?
Sem amor, o que seria de cada amanhecer ou de cada jardim que floresce? Sem amor, não cantariam os pássaros nem veríamos as estrelas a iluminar a escuridão. Sem amor, o que seria de ti e de mim? Seríamos desconhecedores da ternura, errantes, num vazio dentro e fora de nós, ruminando amargura e ‘celebrando’ o sem-sentido.

O amor para ser verdadeiro, dentro e fora de nós, não precisa de ser adocicado, nem uma ‘história perfeita’. Já reparas-te, por exemplo, como há tanto amor nas tuas cicatrizes? Sim, só o amor pode curar as nossas ‘chagas’ e não nos deixar cair no desespero, no lamento ou na angústia. É que o amor não é uma ‘história de Hollywood’ e muito menos uma ‘capa de revista’. O Amor é a sede que trazes dentro e que dá ritmo ao teu quotidiano. O amor desperta em ti o infinito e faz-te mergulhar profundamente para além da ‘espuma’ dos dias. No amor não há rotina, mas sim fidelidade. No amor, o cansaço chama-se ‘entrega’ e o estar próximo chama-se ‘servir’...

É de Amor e de recomeço que nos falam as leituras deste Domingo. É que o Amor nunca desiste…de recomeçar! Às nossas buscas, tantas vezes sem norte (desnorteadas, portanto!), Deus responde sempre com um excesso de dom que desconcerta todas as nossas lógicas: A misericórdia. Ela é o perfume do quotidiano, aquele ‘amor que vai a caminho’ e se ajoelha para ajudar o outro a levantar-se e a recomeçar…não acusa, perdoa. Não recrimina, liberta. Não olha para trás, aponta o futuro.

Sem Misericórdia (= amor que oferece sempre futuro) é impossível abraçar o passado. E sem abraçar o passado, com total confiança, não há arrependimento. É que, ao contrário do que se pensa, o arrependimento não mata…mas sim converte, e faz amar! Todos nós somos esta história de reconciliação entre passado-presente-futuro. Assim como num violino as cordas vibram para despertar em nós, com o seu som, um abrir infinito de janelas na alma, também a misericórdia ‘acorda’ e faz ‘vibrar’ o nosso coração, para despertar nele a sintonia (e a sinfonia!) da vida.

Na história da mulher do Evangelho estamos todos nós! Não é uma ‘mendicante’, é uma ‘Confiante’. Porque arrepender-se é um acto de fé (= confiança), e só na fé se percebe tamanha ternura e delicadeza. Quem ama não tem nada a perder, porque amar não é fazer contas! Quem ama confia. E quem confia vive em paz. Vive reconciliado. O Papa Francisco disse há uns tempos que muitas vezes “os únicos óculos de que dispomos para ver bem a Deus são as nossas lágrimas”. Aquela mulher compreendeu isso e entregou as suas lágrimas como se fossem os diamantes mais preciosos de toda uma vida, feita de buscas talvez erradas, mas finalmente ‘re-feita’ no encontro que salva! É que, quando se descobre Cristo, quando se mergulha a fundo na sua Páscoa, muda tudo! O passado não é mais acusação mas convite a deixar-se abraçar pelo Amor. O presente não é mais um peso, ou rotina, mas a escola quotidiana onde dom e partilha se conjugam com fidelidade. O futuro, esse, é convite a construção conjugando o perfume da esperança com o bálsamo da Eternidade. Pois como nos recorda S. Paulo na II leitura, Só o Amor, total e jubiloso, pode dizer: «Não sou eu que vivo: é Cristo que vive em mim».

E quando é assim, quando se vive assim, então, é Páscoa todos os dias!
Porque…Só no Amor é que há salvação. Boa Semana ;)


EVANGELHO - Lucas 7, 36-50
DESAFIO – Perdoa, Perdoa-te…e Reconcilia(-te)!





1 comentário:

Mirian disse...

Grande cançao a acompanhar um belo texto. " You raise me up" e me ajoelho ao teus pés...