quarta-feira, maio 20, 2015

O CAMINHO…e os SINAIS!


Em nenhuma estrada somos nómadas porque há uma certeza, que nasce da fé, e que nos acompanha: “Ele está no meio de nós!” (Mc 16, 15-20). Num tempo em que parece mais fácil construir muros e incitar vinganças, o Evangelho ‘desmorona’ barreiras, preconceitos, ‘filtros’, cura os olhares míopes e faz-nos abrir, de dentro para fora, o coração quando nos convoca e nos envia para irmos e sermos rosto da alegria e boa notícia, de ternura e misericórdia, para a humanidade ferida e cansada. É assim que o Evangelho nos ‘reconstrói’, nos entusiasma e nos dinamiza, à semelhança de um oleiro paciente que modela o barro ou tal como um pai de família que acaricia os filhos e os educa para a autonomia, também a Palavra, de verdade e de vida, nos fortalece para passarmos da mendicidade à dignidade de filhos. Sim, somos discípulos porque somos filhos, gerados nesse oceano infinito do coração de um “Deus (que) só sabe amar” (Roger Schutz).

Nesta semana a Palavra desperta-nos, convoca-nos e envia-nos. Faz-nos vibrar o coração. Desassossega-nos e recorda-nos que somos ‘um Povo em saída’, uma comunidade de irmãos que vive de “corações ao alto” porque enraizados profundamente nesta terra que Ele habita, nos corações que são a Sua casa, nos rostos que são para nós a Sua face, nas dores e angústias dos que hoje são crucificados e nos gestos que nos fazem parar, adorar, agir e agradecer. 

Não se trata, portanto, de viver um humanismo filosófico ‘pintado’ com as cores do Evangelho, trata-se isso sim de deixar que o Evangelho, que é Palavra que gera vida e convocação para a construção do Reino, nos mobilize de dentro para fora e nos faça tocar o céu já aqui nos nossos caminhos quotidianos, nos nossos encontros, no modo como nos olhamos, no que dizemos uns aos outros (e também no que dizemos uns dos outros!), no modo como nos deixamos tocar e na delicadeza com que tocamos o outro e a sua história (sagrada!). Sabemos que sozinhos seria impossível! E como o Mestre sabe do que somos feitos, não hesitou (uma vez mais!) em ser o primeiro a confiar em nós quando nos garantiu: “Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra” (At 1, 1-11).

A missão é a de Cristo. O centro dela o Reino. Os sinais que a tornam visível: homens e mulheres com um coração que sabe ajoelhar-se para servir, adorar, agradecer e cantar a beleza da vida. O que nos dinamiza não é a promessa de “um céu distante”, como se fosse um ‘prémio’ no final, mas sim a certeza de que o céu é o começo e o nosso jeito de viver e de ser discípulo missionário é a consequência. Porque o caminho depende sempre do primeiro passo…e os nossos levam a marca da eternidade e o perfume da Páscoa! BOA SEMANA!

DESAFIO: Convido-te a preparares o coração para o Dia de Pentecostes que se aproxima rezando em cada dia que falta esta pequena oração composta por uma mártir de Auschwitz:

«Quem és Tu, doce luz que me preenche e ilumina a obscuridade do meu coração? Conduzes-me como a mão de uma mãe e se me soltasses, não saberia nem dar mais um passo. És o espaço que envolve todo o meu ser e o encerra em si. Se fosse abandonado por ti cairia no abismo do nada, de onde tu o elevas ao Ser. Tu, mais próximo de mim que eu mesmo e mais intimo que minha intimidade e, sem dúvida, permaneces inalcançável e incompreensível, e que faz brotar todo nome: Espírito Santo – Amor eterno!...Tu és o doce canto do Amor…Espírito Santo – Júbilo Eterno» (Edith Stein)


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