São muitas as imagens
que precisamos desconstruir no nosso relacionamento com Deus. Há quem tenha
sido mais educado para temer a Deus do que para o amar, o medo faz-nos sempre
escravos! Se a nossa vida se rege pelo medo, facilmente nos tornamos uma ‘sinfonia
de lamentações’, peregrinos do absurdo e da desilusão...isso não é discipulado,
é veneno!
Para não nos
perdermos nesta grande peregrinação que é a vida, precisamos voltar sempre ao
Evangelho para degustar e contemplar quem Deus é e quem somos para Ele, qual o
seu projeto e como isso tem eco, ou não, em nossos corações. Isaías recordou-nos
magistralmente, na Palavra deste Domingo, que o nosso Deus escuta(-nos) e é
generoso no perdão (Is 55, 6-9) e enfatiza o fato de Deus não corresponder às
nossas medidas curtas, forjadas (quase sempre) pela nossa mesquinhez .
O Deus de Jesus
Cristo, Esperança para os viandantes e
força para os fracos, não fica refém dos nossos limites, faz-nos ir além...mostra-nos
que em cada ferida há a possibilidade de cicatrizar, que em cada mágoa há
sempre a possibilidade do perdão e que, mesmo no meio da solidão mais profunda,
há sempre uma voz que sussurra ao intimo dos nossos corações aquele: “Não
temas, Eu estou contigo!”, que nos levanta e escancara as portas do coração deixando
que a luz da vida ilumine o nosso ‘jardim interior’ e transforme nossa alma
numa ‘primavera cheia de Páscoa’.
Vem tudo isto a
propósito da desconcertante Palavra que esta semana ilumina os nossos caminhos
e amplia as nossas medidas (Mt 20, 1-16). O nosso Deus é um Deus em ‘êxodo’ e em
‘êxtase’, faz-se peregrino para que não nos sintamos órfãos, visita-nos nas
praças da nossa solidão e acomodação, chama-nos para sermos atores (e não meros
espectadores!) nesse grande sonho e projeto a que chamamos ‘Reino de Deus’ e,
no Seu soberano e infinito excesso de dom, é um Deus que quer ficar de ‘mãos
vazias’, dando tudo, dando-se todo...a todos...para sempre!
Sim, Deus não tem
bolsos! Sua economia não assenta no mérito, mas na oferta (infinita e
permanente) de dignidade. Na ‘matemática divina’ o começo faz-se a partir dos últimos, é a eles que é primeiramente
oferecido o dom, não porque Deus goste de fazer ‘birra’ (Ele não é adolescente!),
muito menos porque seja injusto, mas para nos colocar diante do coração e da
vida a ‘medida do Evangelho’, ou se preferirmos, a medida do ‘coração que
encontrou em Cristo as razões de seu viver’ (Fil 1, 20-27).
Na ‘contabilidade’ do
Reino, ganhamos tudo quando não deixamos que ninguém fique de fora, ocioso, na praça
da solidão...é que o nosso Deus é comunhão, de pessoas e de corações, e isso não
cabe nos bolsos! BOA SEMANA!
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