Se fosses uma semente, o que serias?...pode parecer-te estranho começar assim a semana, mas quem não se questiona, definha...e morre! Viver, é saborear em cada interrogação a possibilidade de deixar germinar o dom. Há sementes que germinam para ‘sufocar’ a vida (e hoje parecem ser tantas!); outras sabendo que a vida se constrói (e se partilha!) de dentro para fora, preferem permanecer na sua ‘esterilidade’...é mais cómodo assim!
A
Palavra que desperta o coração e nos dá a Vida, coloca-nos esta semana diante
da pedagogia de Deus. Não se trata de uma ‘pedagogia da resistência’ nem de uma
‘pedagogia da sobrevivência’, pois Deus não é adolescente e aos Seus olhos
nenhum de nós é uma ameaça. A Palavra coloca-nos diante da ‘pedagogia do
recomeço’...Deus sabe (só Ele sabe!) que nas entrelinhas da vida, no modo como
vamos tecendo e habitando o cotidiano, são muitas as contradições nos habitam.
Ele sabe os propósitos e a determinação com que damos em cada amanhecer o
primeiro passo...mas também conhece a fragilidade para onde confluem os trilhos
percorridos de pés descalços, mãos vazias e coração trémulo.
Deus
sabe que o Seu Amor nos escandaliza! Quantas vezes tentamos domesticá-lo. No
entanto, o Divino Amante, não hesita, nem por um instante, em habitar as nossas
contradições com este paradoxo de ser Tudo para o nosso nada, Perdão para o
nosso pecado, Vida na nossa morte, Paz para nossa inquietude.
Nos
vinhateiros da parábola (Mt 21, 33-43), que Jesus nos sussurrou ao coração,
estamos representados também nós cheios das nossas inseguranças passadas,
agrilhoados nos nossos absolutos do tempo presente e nas nossas tentativas
insanas de sufocar o futuro, esquecendo que ele será sempre dom e nunca ameaça.
Não
se trata, apenas, de ser semente...é preciso frutificar! É por isso que Deus
não desiste. Também no seu tempo Jesus encontrou resistências, corações surdos
e cegos. Não esqueçamos que o medo gera sempre fanatismos e violência...no
tempo de Jesus, foi o medo que cristalizou atitudes e trancou os corações. E
onde há medo, a liberdade será sempre escrava.
Deus
quer-nos livres. Habitados pela gratidão de quem olha para a frente (e para o
alto!) sabendo que a peregrinação da vida se vive de coração aberto, perfumando
de ternura e compaixão os corações aflitos, ungindo com o dom da paz os
viandantes cansados e sendo regaço acolhedor para todos os que se sentem
indignos e órfãos.
Diante
do nosso coração e da nossa inteligência coloca-se um desafio ‘cotidianamente solene’:
Em cada semente, uma promessa. Em cada promessa, uma aliança. Em cada aliança,
frutificar. Foi isso que lhe pedimos ao concluir a missa este domingo, rezando:
“Senhor, neste sacramento em que saciais
nossa fome e nossa sede, fazei que, ao comungarmos o Corpo e o Sangue do vosso
Filho, nos transformemos n’Aquele que recebemos”...ainda te lembras? BOA
SEMANA!
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