Diante de um mundo
complexo (e desafiador!), vemos como a maioria das pessoas tem uma tendência
natural para ‘quantificar’ a vida e os seus acontecimentos. Diz-se que hoje
tudo tem um preço...até a ética (segundo alguns!). Tornámos o existir uma
espécie de ‘exercício matemático’ onde o que vale é ‘somar’...uma matemática
estranha que tem feito da vida uma ‘correria imensa’ onde o saber e o sabor de
cada dia se esfumam cada vez mais, tornando o dom maior que é o viver um ‘fardo’
em vez de um ‘milagre (e)terno’.
Para não continuarmos errantes
e distraídos, pensando que o quotidiano é insignificante, a Palavra que a cada Domingo
nos ressuscita, vem esta semana despertar-nos das nossas lamentações e provocar
o nosso coração para mais um passo nesta peregrinação que é a vida.
É que a vida não se
resume somente ao que os nossos olhos vêem!
Por isso, diante da artimanha montada para surpreender e contradizer Jesus (Mt
22, 15-21), dá-se o ‘milagre do sentido’: enquanto os fariseus e os herodianos
se unem para continuar a ‘fazer contas’, pensando que na vida só vale somar, o
Mestre surpreende-os colocando-os diante do essencial: ‘afinal, quais são as
prioridades da tua vida? O que faz com que os teus dias sejam um dom?’...
É bom lembrar que “dar
a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” não é uma ‘oposição’ de
poderes...até porque o único poder do Amor é servir! A expressão significa
essencialmente: não criar idolatrias. Por outras palavras, onde há
discernimento não há espaço para manipulação, nem para ‘ódios de estimação’, muito
menos para uma ‘paz podre’.
Com
a sabedoria de Pai e Pastor, neste dia mundial das missões, o Papa Francisco interpelou-nos
(re)lembrando que: “a missão da Igreja não é a propagação duma ideologia
religiosa, nem mesmo a proposta duma ética sublime. (...) Por meio da
proclamação do Evangelho, Jesus torna-Se sem cessar nosso contemporâneo,
consentindo à pessoa que O acolhe com fé e amor experimentar a força
transformadora do seu Espírito de Ressuscitado que fecunda o ser humano e a
criação, como faz a chuva com a terra (...). O mundo tem uma necessidade
essencial do Evangelho de Jesus Cristo. Ele, através da Igreja, continua a sua
missão de Bom Samaritano, curando as feridas sanguinolentas da humanidade,
e a sua missão de Bom Pastor, buscando sem descanso quem se extraviou por
veredas enviesadas e sem saída. ”. Mas também nos advertiu ao recordar
que: “uma Igreja autorreferencial, que se compraza dos sucessos terrenos, não é
a Igreja de Cristo, seu corpo crucificado e glorioso. Por isso mesmo, é
preferível uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas
estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às
próprias seguranças”.
Na lógica sempre
humanizadora do Evangelho, “dar a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus” significa não ceder à tentação de ficar mudo diante da injustiça, não
fechar os olhos diante dos ‘corações aflitos’, não hipotecar o coração deixando
que algo possa mais do que o Amor...E Tu, vais continuar a fazer ‘contas’? BOA
SEMANA!
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